“É uma preocupação nossa. O Brasil é um país de imigrantes. Temos que ser generosos e receber os irmãos venezuelanos”, afirmou o Raul Jungmann, em declarações à agência EFE, em Medellín, Colômbia, onde está em visita oficial.

As declarações do ministro da Segurança Pública brasileiro surgiram um dia depois de pelo menos 1.200 venezuelanos terem sido obrigados a abandonar o Brasil, depois de terem sido atacados por vizinhos da localidade fronteiriça de Pacaraima, no estado de Roraima, nos acampamentos onde estavam.

Jungmann acrescentou que a migração venezuelana no Brasil “está concentrada numa área muito isolada e com pouquíssimas infraestruturas”, o que aumenta as tensões entre os cidadãos dos dois países.

“Temos que garantir a segurança da população brasileira e dos migrantes, evitando conflitos como o que temos. A nossa responsabilidade é que não volte a acontecer [o de Pacaraima] porque não é isso que desejamos para os migrantes venezuelanos que nos procuram em situação de dificuldade”, afirmou.

O governante lembrou que o governo brasileiro forneceu ajuda aos venezuelanos com abrigos, saúde e todo o tipo de assistência social, mas o mais difícil é absorver os que querem estabelecer-se em Pacaraima, cidade com cerca de 12 mil habitantes que se converteu na porta de entrada principal do Brasil para os venezuelanos que fogem da crise política, económica e social do país.

“O que temos que fazer é expandir os programas sociais, temos que alargar a saúde, aumentar os alojamentos e, acima de tudo, fazer mais rápido a internalização, a absorção dos venezuelanos”, afirmou.

Os conflitos em Pacaraima começaram depois da agressão a um comerciante local, alegadamente por um grupo de venezuelanos que terá tentado assaltá-lo quando este estava em casa com a família.

O Governo brasileiro reforçou hoje a segurança na fronteira com a Venezuela e reiterou a recusa em fechar a passagem entre os dois países.

Após os incidentes em Pacaraima, as autoridades do estado de Roraima pediram novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) o encerramento da fronteira para impedir a entrada de cidadãos do país vizinho e evitar a possibilidade do que classificaram como um iminente "derramamento de sangue".

O ministro da Segurança Institucional da Presidência da República do Brasil, Sergio Etchegoyen, disse que o encerramento da fronteira com a Venezuela é "impensável" e seria "ilegal".

De acordo com estimativas das autoridades brasileiras, cerca de 60 mil venezuelanos entraram no país por Pacaraima no último ano e meio fugindo da crise política e económica na Venezuela.

Grupos numerosos de venezuelanos estão a viver em condições precárias em Pacaraima ou na cidade de Boa Vista, capital de Roraima, facto que gerou uma crise humanitária neste estado que é um dos mais pobres do Brasil.

O Governo central brasileiro criou campos de acolhimento e também anunciou planos para ajudar os venezuelanos reiniciarem as suas vidas em outras partes do país.

Até agora, no entanto, apenas cerca de 800 venezuelanos foram acolhidos em cidades como São Paulo, Manaus, Brasília e Rio de Janeiro.