“Não tenho mais comentários a fazer. Essa matéria já foi comentada por diversas vezes e o que é importante é que na terça-feira o assunto será debatido no Parlamento, que é a casa mãe da democracia”, afirmou.
João Gomes Cravinho falava aos jornalistas na Praia da Vitória, na ilha Terceira, à margem de um exercício sobre a segurança marítima no Golfo da Guiné, promovido pelo Centro do Atlântico, lançado hoje oficialmente.
Questionado também sobre uma parada militar na Madeira, em que se entoaram cânticos do Sporting, o ministro disse desconhecer o caso.
“Irei perguntar ao senhor Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas o que se terá passado, mas é um caso que não poderei comentar enquanto não tiver a informação necessária”, avançou.
Numa carta divulgada hoje pelo Expresso e pelo Diário de Notícias, 28 ex-chefes de Estado-Maior dos três ramos, incluindo o ex-Presidente da República general Ramalho Eanes (Exército), o almirante Fuzeta da Ponte (Armada) e o general Brochado Miranda (Força Aérea), bem como seis antigos chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), contestam o processo da reforma das Forças Armadas (FA) em curso e apelam a um debate alargado à sociedade civil.
As propostas do Governo que alteram a Lei de Defesa Nacional e a Lei Orgânica das Forças Armadas, aprovadas em Conselho de Ministros no dia 08 de abril, centralizam competências no chefe do CEMGFA.
Na carta com seis páginas, o grupo expressa “apreensão” e lança um aviso: a “perturbação provocada no ambiente das FA obriga-nos a isso”.
Na missiva, que foi enviada na quinta-feira ao Presidente da República, primeiro-ministro, ministro da Defesa e grupos parlamentares, o grupo contesta a linguagem do ministro Gomes Cravinho, que classifica como uma “novilíngua” que está a “atingir proporções inusitadas”, e manifesta críticas ao método de decisão e ao conteúdo da reforma do comando superior das FA, que será votada na Assembleia da República na terça-feira pelo PS, com apoio do PSD.
O ministro da Defesa, que em março classificou as resistências dos militares na reforma como “interesses corporativos”, disse no início desta semana estar contra “uma agremiação de antigos chefes militares” que tenta “perpetuar a influência” nas Forças Armadas.
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