“Há um trabalho intenso, coordenado neste momento pela senhora ministra do Estado e da Presidência, que envolve o Ministério da Defesa, naturalmente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Ministério da Administração Interna e o próprio Ministério da Presidência, que têm todos responsabilidades diversas no que toca à retirada de estrangeiros e afegãos do país e sua receção em Portugal”, adiantou João Gomes Cravinho.
O ministro da Defesa falava aos jornalistas na cerimónia de despedida da fragata “Corte-Real”, da Marinha Portuguesa, que partiu esta manhã da Base Naval de Lisboa (situada em Almada), com destino ao Mar Báltico, para se juntar à Força Naval Permanente n.º 1 da NATO (SNMG1 – Standing NATO Maritime Group One), durante os próximos quatro meses.
Cravinho destacou que “neste momento há um trabalho muito intenso que está a ocorrer”, mas que “ainda não estão plenamente definidas todas as modalidades” para a receção destes civis.
Questionado sobre quando Portugal pode começar a receber estes cidadãos, o ministro apontou que “isso está atualmente a ser trabalhado no seio da NATO e da União Europeia”.
“Não há uma resposta definitiva que possa dar, mas apontaria para ainda este mês de agosto”, respondeu.
Já quanto à operacionalização da retirada destes cidadãos, Cravinho adiantou que Portugal está em contacto com a NATO, a União Europeia e as Nações Unidas “para dar a sua colaboração e naturalmente que receberá pessoas em cada um desses quadros”.
“Aquilo que importa nestes próximos dias, temos que tratar do imediato e o imediato é retirar do Afeganistão todos os estrangeiros que lá estão e que querem sair, todos os afegãos que trabalharam ao longo dos anos com as forças estrangeiras, com as nossas forças por exemplo, com as forças da NATO com a delegação da UE, com a representação das Nações Unidas e portanto são bastantes milhares de afegãos e o fundamental nestes próximos dias é assegurar que possam sair, junto com as suas famílias, em segurança”, apontou.
Os talibãs conquistaram Cabul no passado domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a “vida, propriedade e honra” vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
Para sexta-feira à tarde está agendada uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, convocada pelo secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.
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