“É um balanço misto, é um balanço positivo no que toca às missões específicas atribuídas às forças portuguesas e um balanço que não pode ser satisfatório em relação àquilo que se conseguiu fazer no Afeganistão”, afirmou Gomes Cravinho em declarações à Lusa.

Finda a presença militar portuguesa no Afeganistão, com o regresso dos quatro militares portugueses que estavam em Cabul, João Gomes Cravinho mostra-se “muito satisfeito” com os objetivos militares assumidos por Portugal nos últimos 20 anos, considerando que as “missões que foram atribuídas às sucessivas Forças Nacionais Destacadas (FND) portuguesas foram missões sempre cumpridas com sucesso”.

“Do ponto de vista militar e como ministro da Defesa, tenho de manifestar grande satisfação em relação à capacidade demonstrada pelas nossas FND. Nestes últimos anos, tiveram responsabilidade especial em torno do aeroporto, mas também na formação de militares das operações especiais do Afeganistão, que foi um grupo que demonstrou alguma capacidade de resistência”, afirmou o ministro da Defesa.

No entanto, no que se refere aos objetivos militares da comunidade internacional, Gomes Cravinho aponta que o desfecho da intervenção militar no Afeganistão obriga a comunidade internacional e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) a “um processo de reflexão profundo” sobre a “forma de trabalhar” nos últimos 20 anos.

“Olhando para aquilo que foram os objetivos ocidentais no Afeganistão — das Nações Unidas, da comunidade internacional e da NATO — aquilo que resulta é uma enorme insatisfação porque o Estado, as instituições do Estado no Afeganistão — incluindo as Forças Armadas — colapsaram muito rapidamente. Ou seja, verificou-se que não tinham sustentação”, afirmou João Gomes Cravinho em declarações à Lusa.

Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.