Lindner, que chegou à capital ucraniana ao início da manhã, afirmou que vai manter conversações “muito concretas” com os responsáveis ucranianos sobre a forma como o Ministério das Finanças alemão pode apoiar a Ucrânia no presente e no futuro.

“Estamos ao lado da Ucrânia”, disse Lindner em declarações aos jornalistas, ao chegar a Kiev de comboio.

Desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, a Alemanha forneceu à Ucrânia cerca de 22 mil milhões de euros em ajuda humanitária, financeira e militar, disse o ministro e líder do Partido Liberal Democrata (FDP), força política que integra a coligação governamental liderada pelo chanceler Olaf Scholz.

“A Ucrânia não pode perder esta guerra”, referiu o ministro alemão, acrescentando que as conversações que serão mantidas hoje em Kiev não serão apenas centradas na situação atual.

“Vamos também olhar para o futuro”, referiu, indicando que as conversações irão focar igualmente possíveis áreas de cooperação, nomeadamente em matérias relacionadas com investimento direto estrangeiro e questões aduaneiras.

A visita de Christian Lindner acontece num momento em que a Alemanha está a ser cada vez mais pressionada por Kiev para enviar mísseis de longo alcance Taurus para apoiar a contraofensiva ucraniana contra as tropas russas.

Até à data, Berlim tem-se oposto a este pedido, receando que os mísseis possam atingir o território russo e agravar o conflito em curso.

Na sexta-feira passada, o semanário Der Spiegel avançou que a Alemanha estaria a avaliar a possibilidade de enviar mísseis de longo alcance Taurus para a Ucrânia, desde que o seu alcance seja reprogramado para que não possam ser utilizados contra território russo.

O Ministério da Defesa alemão e os representantes das empresas fabricantes destes equipamentos têm estado em contacto para estudar a possibilidade de reprogramar estes mísseis de cruzeiro ar-terra – com um alcance de mais de 500 quilómetros –, de forma a limitar as suas capacidades, segundo indicou o semanário alemão.

Fontes do setor admitem que esta modificação é possível, mas apontam que o processo levaria várias semanas.

De acordo com o semanário Der Spiegel, o chanceler alemão, Olaf Scholz, só irá aprovar o envio destes mísseis para Kiev quando estiver convencido de que esta reprogramação é viável.

Em declarações ao jornal alemão Bild, Mykhailo Podoliak, conselheiro da Presidência ucraniana, disse que os mísseis Taurus são “cruciais” para a contraofensiva da Ucrânia.

Para tentar dissipar as preocupações alemãs sobre o alcance destas armas, Podoliak afirmou ainda, nas mesmas declarações, que estas seriam utilizadas “exclusivamente no território da Ucrânia, dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas de 1991”.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).