"O desafio que vos deixo é de tentarmos mobilizar esse esforço [de articulação entre a cultura e o ensino superior] durante a Presidência Portuguesa na União Europeia, no primeiro semestre de 2021, para efetivamente, no quadro daquilo que já são as várias redes de universidades europeias aonde as universidades portuguesas estão inseridas, dinamizar um programa, uma ação dinamizadora para efetivamente estimular a dimensão de âmbito cultural", defendeu Manuel Heitor durante uma intervenção no "Encontro Nacional Universidade e Cultura #1", esta manhã, no Porto.

A presidência portuguesa da UE, no primeiro semestre de 2021, apresentou como prioridades a Europa Resiliente, capaz de resistir a crises não apenas economicamente como ao nível dos valores europeus, a Europa Social, com o modelo social como fator de crescimento económico, a Europa Verde, líder mundial no combate às alterações climáticas, a Europa Digital, pronta para enfrentar a transição tecnológica a nível económico e de proteção dos direitos dos cidadãos, e a Europa Global, assente na aposta no multilateralismo.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que participava no "Encontro Nacional Universidade e Cultura #1", promovido pela Universidade do Porto, 'online', adiantou que a ideia foi já articulada com a própria Comissária Europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel.

"Acho que era particularmente oportuno, a nível europeu, pegarmos também na Presidência Portuguesa para abrir essa dimensão das redes de universidades europeias", sublinhou.

"A Universidade do Porto está inserida numa rede europeia e, naturalmente, lembrando Eduardo Lourenço, acho que esta dimensão ganha muito mais se tiver não apenas uma articulação a nível nacional, mas se for cada vez mais a nível europeu, usando as redes de universidades europeias para a dinamizar", defendeu o governante.

Manuel Heitor considera que o reforço de articulação entre cultura e ensino superior trará ganhos em todas as dimensões, tanto no plano científico, como na mobilidade de estudantes e contratação de docentes, assim como na troca de experiências e programas de dimensão cultural.

"A verdade é que estamos em 2020 e, sabemos que, apesar do discurso de haver uma única cultura, (...) que a forma como muito do ensino e do trabalho de investigação se comportou ao longo dos últimos anos tem estado associado a uma especialização do conhecimento que tendeu a verticalizar e a criar barreiras importantes entre essas duas culturas", observou.

Reconhecendo esta realidade, o governante considera que o desenvolvimento de programas de ação que permitam uma articulação das várias disciplinas e uma formação mais humanística é "particularmente importante", devendo chamar para o processo as associações de estudantes e todos os agentes associados à produção artística.

Organizado pela Universidade do Porto, o encontro contou ainda, na sessão da abertura, com as intervenções da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e do reitor da Universidade do Porto e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António de Sousa Pereira.