“Com grande satisfação, uma unidade que era responsável por 15% das emissões em Portugal vai encerrar já nos próximos dias de janeiro”, afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, que falava aos jornalistas no final de uma visita ao Pinhal de Leiria, ardido no incêndio de outubro de 2017, na Marinha Grande.

Sublinhando que a avaliação feita pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) tem caráter técnico e não político, Matos Fernandes explicou que aquela entidade “encontrou segurança no abastecimento que lhe permite poder ter já adiantado à EDP que, a partir do dia 15 de janeiro, pode, de facto, encerrar” aquela central.

O fecho da central de Sines esteve inicialmente apontado para 2023, uma vez que dependia da entrada em funcionamento das barragens do Alto Tâmega e a construção de uma nova linha de eletricidade entre Ferreira do Alentejo e o Algarve, ambas ainda por concluir.

No entanto, a intenção de antecipar o fecho daquela central a carvão já tinha sido anunciada.

A EDP recebeu, entretanto, as autorizações necessárias para encerrar a atividade na central a carvão de Sines a partir de 15 de janeiro e, segundo confirmou hoje à Lusa fonte oficial da empresa, “mantém os planos para encerrar nessa data”.

Segundo o governante com a pasta do Ambiente, a DGEG e a REN - Redes Energéticas Nacionais decidiram que é seguro encerrar a atividade de produção de energia poluente em Sines, “em face da redução de consumos que existiu também consequência da covid-19, e com uma concertação da manutenção de todas as outras infraestruturas que produzem eletricidade e que podem ser ‘backups’”.

Quanto aos planos para a produção de hidrogénio verde naquelas instalações lembrou que - não tendo “nada a ver uma coisa [fecho da central] com a outra [produção de hidrogénio]” - “no aviso, ainda que informal, que foi aberto” há um projeto, no qual participam a EDP, a Galp e a Ren, cujo objetivo é produzir aquele gás, através da eletrólise da água (separação dos seus componentes, hidrogénio e oxigénio).

A EDP explicou que, “após o fim de atividade, a central irá entrar em fase de descomissionamento e desmantelamento, estando em avaliação a possibilidade de projetos que possam aproveitar parte das infraestruturas existentes naquela localização”.

O projeto para produção de hidrogénio verde é uma possibilidade, prosseguiu a empresa, “mas está ainda numa fase de avaliação com vários parceiros”.

A EDP, Galp, Martifer, Vestas e REN anunciaram, em 27 de julho, que tinham assinado um memorando de entendimento para avaliar a viabilidade do projeto H2Sines, que visa implementar um ‘cluster’ industrial de produção de hidrogénio verde com base em Sines.

Questionada sobre o futuro dos trabalhadores da central termoelétrica, a EDP esclareceu que se iniciaram “contactos” no final de setembro.

“Esse processo está a decorrer dentro do previsto e com total colaboração entre as partes, tendo como prioridade cumprir os compromissos com todos os seus trabalhadores, tal como foi anunciado na altura”, apontou a empresa.

O Sindicato das Indústrias, Energias, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP) alertou hoje para o grave problema dos quase 100 trabalhadores indiretos da central termoelétrica de Sines da EDP que já receberam carta de despedimento e defendeu uma transição energética justa.

O ministro do Ambiente, em declarações sobre a descontinuação da refinação da Galp em Matosinhos a partir do próximo ano, que coloca em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, disse que verbas do Fundo para a Transição Justa serão direcionadas para a criação e reconversão profissional.

No caso da central de Sines (1.180 MW), que não produz energia desde janeiro 2020, foi entregue em julho uma "declaração de renúncia" à licença de produção, para encerramento em janeiro de 2021.