Eduardo Cabrita foi o primeiro governante a visitar este concelho do distrito de Aveiro após 31 dias de quarentena, com controlo de entradas e saídas no território, que, desde 17 de março, se encontrava em estado de calamidade pública devido ao SARS-CoV-2.
Questionado sobre a opção de visitar o município poucas horas após o levantamento do cerco, o ministro, equipado com uma viseira, afirmou: “Era um compromisso, mais do que institucional, até pessoal e uma forma de agradecer àqueles que foram verdadeiros heróis desta batalha em Ovar”.
Referindo que o contacto pessoal com o Gabinete de Crise da autarquia local foi “quase diário” ao longo de mais de um mês, Eduardo Cabrita acrescentou: “Agradecer, de olhos nos olhos, a pessoas com as quais aprendi muito, vale mais”.
Nesse reconhecimento, o ministro inclui agentes da Proteção Civil e profissionais de saúde – “dezenas dos quais não saem há um mês do município de Ovar” apesar de residirem em concelhos vizinhos – e também a população em geral, que cumpriu as regras do confinamento exigido pela situação e permitiu que todos possam agora “enfrentar com esperança os tempos difíceis que não terminaram ainda”.
É nesse contexto que Eduardo Cabrita realça que os comportamentos de contenção e distanciamento social “têm que ser prosseguidos”, o que significa que, no geral, as entradas e saídas no concelho continuarão a ser autorizadas apenas para efeito de acesso ao emprego, aquisição de bens de primeira necessidade, procura de apoio médico e assistência a familiares.
Lembrando que a população portuguesa continua a lidar com “o maior desafio” da sua vida, o governante garante que Ovar se manterá sob “uma monitorização muito intensa”, sendo que o empenho das forças de segurança “será mantido e, em alguns casos, até alargado”.
Isso verificar-se-á já ao longo dos próximos dias, atendendo a que, após um mês de isolamento domiciliário, o bom tempo que se faz sentir em Ovar faz prever que a população seja tentada a permitir-se passeios e deslocações na orla costeira do concelho.
A intervenção das autoridades será, por isso, “talvez até mais exigente e sofisticada, porque é determinante garantir o cumprimento estrito das regras de distanciamento social”.
Eduardo Cabrita anunciou, aliás, um reforço de meios policiais com agentes originários dos comandos do Porto, Coimbra e Aveiro, pelo que as forças de segurança no terreno “provavelmente até irão aumentar neste fim de semana”.
“Não haverá um abrandamento dessa presença. Ela irá manter-se e a forma de intervenção operacional é que será ajustada”, declarou.
Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar, comprometeu-se com “a continuidade do trabalho feito até agora” para contenção da covid-19, acrescentando que o Gabinete de Crise da autarquia manterá os respetivos procedimentos “como se do estado de calamidade se tratasse”.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 150.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 483.000 foram já dados como recuperados.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da DGS indicava 687 óbitos entre 19.685 infeções confirmadas. Desses doentes, 1.284 estão internados em hospitais, 519 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
No caso concreto de Ovar, a Câmara Municipal contabilizava na sexta-feira à noite 25 óbitos e 604 casos de infeção por covid-19 entre os seus 55.400 habitantes. Hoje ao início da tarde, a estatística da Direção-Geral de Saúde ainda atribuía ao concelho apenas 504 contaminados.
Portugal está desde 19 de março em estado de emergência, o que vigorará pelo menos até ao final do dia 02 de maio.
Comentários