Num comunicado, Péter Szijjártó referiu que tanto o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, como o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, “representam a opinião dos europeus, que também não querem a imigração”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro reagia desta forma às críticas lançadas por vários membros do Governo da Suécia contra as duras políticas migratórias adotadas por Budapeste.

Uma das vozes críticas foi a ministra para a Imigração sueca, Heléne Fritzon, que recordou que a Suécia acolheu, em 1956, milhares de húngaros que fugiram da repressão do regime soviético.

Nas mesmas declarações, a ministra sueca denunciou a atitude negativa que a Hungria tem assumido perante a crise migratória e o drama dos refugiados.

Na resposta, o chefe da diplomacia húngara afirmou que “quem compara a migração húngara de 1956 com os imigrantes ilegais está a fazer uma deturpação da História”.

Péter Szijjártó defendeu que os húngaros que fugiram em 1956 esperaram o acolhimento de um país, respeitando as leis, ao passo que agora “os imigrantes ilegais atravessam países seguros, sem respeitar as leis e representam um perigo para a segurança” desses mesmos países.

Em 1956, a revolta anti-soviética na Hungria levou a que cerca de 200.000 pessoas abandonassem o país. A insurreição contra o regime soviético, com o desejo de uma democratização do país, iniciou-se a 23 de outubro de 1956 com uma manifestação de estudantes e foi esmagada a 4 de novembro pelos tanques enviados por Moscovo.

A repressão causou 2.800 mortos e 12.000 feridos nas fileiras húngaras e levou à fuga para o Ocidente de milhares de húngaros.

Este êxodo é considerado pelas Nações Unidas como uma das primeiras deslocações em massa de refugiados.

No seguimento das críticas suecas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros húngaro convocou o embaixador da Suécia em Budapeste.

O representante diplomático de Estocolmo afirmou recentemente que esperava que a Hungria fosse condenada por ter aprovado uma legislação que restringe o trabalho das organizações não-governamentais (ONG) e que penaliza quem prestar auxílio a refugiados em situação irregular.

A par da Hungria, a atual coligação governamental italiana, que tomou posse no passado dia 1 de junho e que integra o partido de extrema-direita nacionalista Liga e o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), também tem adotado uma linha política anti-migrações.