Por duas vezes, a deputada do PSD Ana Miguel Santos questionou diretamente João Cravinho sobre de onde “vêm as verbas para [os militares] fazerem face à covid-19″ e qual “o limite” para o esforço que é pedido aos militares.
Numa primeira resposta, o ministro da Defesa alegou que “ninguém estava à espera da pandemia” e que as Forças Armadas “mostraram facilidade em adaptar-se e colocarem em campo as respostas que o país precisava”.
Gomes Cravinho disse que não lhe “parece adequado” serem usadas verbas do orçamento suplementar para “necessidades permanentes”, como salários.
Já no final da reunião, a deputada do PSD voltou a “simplificar” a pergunta para insistir em saber de onde vinham os “recursos excecionais” para fazer face a “gastos excecionais” com a pandemia.
“O que precisamos de saber é de onde veem estes recursos”, afirmou.
Na resposta, o ministro da Defesa agradeceu a “simplificação” da pergunta, mas deu, genericamente, a mesma resposta, que é preciso “separar entre as despesas corrente e de investimento”, embora tenha dado uma pista, mas sem associar um valor.
Houve, afirmou, “despesas não realizadas”, por exemplo, com “exercícios internacionais” em que não foi possível Portugal participar.
Igualmente com poucos valores em euros foi a resposta do ministro da Defesa sobre a “derrapagem” dos custos da reabilitação do Hospital Militar de Belém, para receber doentes de covid-19, noticiado pelo DN em 22 de junho.
João Gomes Cravinho admitiu que, no seu despacho, o valor previsto era entre “700 mil a 750 mil euros” e que estão, neste momento, a ser feitas as avaliações para se apurar os gastos finais.
Depois de recusar a crítica de o Governo poder ser olhado como um “agente imobiliário”, o governante afirmou que, com as estas obras, o hospital “é valorizado”, que é preciso “rentabilizar o investimento feito” e “será nas negociações com a Santa Casa da Misericórdia, que deverá passar a gerir aquela infra-estrutura.
Desde março, as Forças Armadas ajudaram com vários meios, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde (SNS), com hospitais de campanha ou centros de acolhimento, de transporte de doentes e presos, produção de álcool-gel e na desinfeção de lares de idosos, escolas e portos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 477 mil mortos e infetou mais de 9,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.543 pessoas das 40.104 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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