François Bayrou, que estava a preparar um projeto de lei para reformar a política, mas cujo partido é alvo de uma investigação, renunciou hoje para evitar comprometer o novo Governo do Presidente Emmanuel Macron, de acordo com os media franceses.
"Tomei a decisão de não fazer parte do próximo Governo", disse hoje à AFP François Bayrou, assegurando que esta decisão não lhe foi imposta.
Em seguida, uma fonte do partido Movimento Democrático (MoDem) anunciou que Marielle de Sarnez iria agora concentrar-se na presidência do grupo do seu partido na Assembleia Nacional.
As demissões de François Bayrou e da sua colega Marielle de Sarnez, ministra dos Assuntos Europeus, aconteceram um dia depois de a ministra da Defesa, Sylvie Goulard, se ter também demitido.
O ministro do Planeamento Urbano, Ricard Ferrand, também alegou conflitos de interesse e deixou o seu cargo no Governo há alguns dias.
As demissões surgiram horas antes do anúncio de uma remodelação planeada pelo Governo, que inicialmente deveria corresponder a ajustes e agora deverá promover uma mudança mais substancial.
Depois do seu sucesso nas legislativas, que decorreram no domingo e que lhe deram uma clara maioria, o chefe de Estado francês trabalhava para a remodelação ministerial.
De acordo com vários meios de comunicação, a renúncia surpresa na terça-feira da ministra da Defesa, Sylvie Goulard, que é suspeita de estar envolvida num caso de empregos fictícios no Parlamento Europeu, foi o anúncio da “reabilitação moral” que acabou por causar uma bola de neve.
O ministro da Justiça, um aliado fundamental de Macron, disse que a sua decisão de sair foi de “natureza pessoal”, e a braço direito do Presidente, a ministra dos Assuntos Europeus, também decidiu sair do Governo.
Ambos estão também relacionados num inquérito judicial em curso contra o MoDem, que apoia Macron.
Ambos os ministros são pilares deste partido centrista, visado numa investigação preliminar aberta a 09 de junho, após um parecer do Ministério Público. A investigação quer determinar se o partido pagou a colaboradores em França com contratos de assistentes parlamentares europeus destinado ao Parlamento europeu.
Os dois ministros correm o risco de ter de responder na justiça no quadro desta investigação aberta por “abuso de confiança”, entre outras acusações.
Na terça-feira, Sylvie Goulard anunciou a sua demissão para ”demonstrar livremente (a sua) boa-fé” diante de uma investigação sobre os empregos fictícios no MoDem, do qual é uma ex-filiada.
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