Uma menor de quatro anos morreu afogada no quintal de sua casa, na segunda-feira, dia 27, no bairro de Mungaça, e um outro menor, de sete meses, morreu no interior de casa, enquanto os país dormiam, no bairro de Vaz, um dos mais atingidos pelas inundações, disse hoje, em conferência de imprensa, na Beira, Daviz Simango, presidente da Câmara da Beira, a segunda maior cidade de Moçambique.
“Conhecidas as características da nossa cidade, simultaneamente tão plana e de nível freático elevado, pela ausência de altitude, influenciada pelas oscilações das mares e com as fortes precipitações, avaliamos as dificuldades extraordinárias de que se reveste em drenar as águas das chuvas intensas, desta magnitude”, disse Daviz Simango, justificando as inundações de ruas e quintais de vários bairros da Beira.
A precipitação de dois dias, prosseguiu, atingiu 223.9 milímetros, no domingo e na segunda-feira, quase metade dos 446,8 milímetros previstos para todo o mês de janeiro. A precipitação média verificada em janeiro foi de 208,6 milímetros.
As chuvas inundaram largamente os postos administrativos da Munhava, Manga Loforte e Inhamizua, sendo os bairros de Ndunda, Mungaça e Alto da Manga, os mais atingidos.
“Estamos com marés de pico, às 05:00 desta desta terça-feira registámos 6,90 metros de altura [das águas do mar] e as comportas [para drenar as águas das chuvas para o mar] foram abertas às 07:00 da manhã. Amanhã está previsto que a maré atinja 7,09 metros”, precisou Daviz Simango, sustentando que o sistema de drenagem construído recentemente ajudou a que o pior não acontecesse.
A drenagem das águas para o mar, depende naturalmente das marés, disse, razão por que as comportas não estão sendo abertas a qualquer momento, para evitar que as águas do mar invadam a cidade, o que tornaria a situação mais dramática.
“Como podem imaginar, temos de coabitar com as ondas do mar, neste caso, a maré e as inundações das chuvas. Mas queremos garantir que o sistema de comportas, quer no desaguador nas Palmeiras, quer no Chiveve, no cais Manarte, estão a funcionar muito bem” afirmou o autarca, também presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força política, a nível nacional, que dirige a cidade.
O autarca da Beira apelou à população a seguir com as recomendações dadas pela edilidade, no sentido de controlarem a água de consumo, além de demarcar e isolar poços tradicionais e charcos de água, para evitar quedas de crianças.
Recomendou igualmente aos moradores da zona aa reterem o lixo nas suas próprias casas, nos próximos três dias, por o sistema de manuseamento e tratamento dos resíduos sólidos ser complexo, nesta altura de inundações, de modo a evitar a eclosão de doenças diarreicas.
“O Conselho Municipal da cidade da Beira está solidário e está a trabalhar para monitorizar a situação das chuvas”, concluiu Daviz Simango, que percorreu hoje, debaixo das chuvas, os bairros mais atingidos na Beira.
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