“A vitória está feita, a Renamo ganhou Maputo e nós vamos fazer valer a vontade de todos os moçambicanos”, disse à comunicação social o deputado Muhamad Yassine, no meio de gritos de milhares de simpatizantes do seu partido, à porta da sede da Renamo na cidade de Maputo.
Apesar desta reivindicação, continua sem haver qualquer informação oficial sobre resultados destas eleições, em todo o país, por parte do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) ou da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Liderada pelo candidato do partido, Venâncio Mondlane, a caravana do “resgate à cidade de Maputo”, como é apelidada pelos simpatizantes da Renamo, percorreu a baixa da capital moçambicana, quase sempre com milhares de pessoas, entre simpatizantes e comerciantes informais, cantando “povo no poder”, título de uma das músicas do ‘rapper’ de intervenção social Azagaia, que perdeu a vida em março deste ano.
“Estas são as eleições autárquicas que demarcam uma transição democrática, que passa, primeiro, pelo início de uma transição política”, disse à comunicação social Venâncio Mondlane, pendurado no teto de abrir de uma viatura escoltada por milhares de pessoas, sem presença da polícia.
Venâncio Mondlane, 49 anos, é engenheiro florestal e deputado no parlamento, sendo classificado pelos seus simpatizantes como VM7 – o CR7 da política moçambicana, numa alusão a Cristiano Ronaldo.
Mondlane tentou nestas eleições, uma vez mais, “resgatar Maputo”, como avança no seu ‘slogan’, após ter sido derrotado no escrutínio de 2018 com 36,43% dos votos, contra 56,95% do candidato da Frelimo.
Venâncio Mondlane saiu em 2018 do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido parlamentar, para a Renamo, numa de várias movimentações de candidatos inéditas em eleições autárquicas em Moçambique naquele ano.
As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país durante o dia de quarta-feira, tendo as urnas encerrado às 18:00 locais (17:00 em Lisboa).
Pouco mais de 4,8 milhões de eleitores podiam votar nestas eleições, tendo a porta-voz do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), Regina Matsinhe, assegurado que se tratou de uma “votação ordeira e pacífica”, embora apontando “incidências ao longo do dia”.
O STAE não avança com prazos concretos para divulgação de resultados, além dos que estão previstos na legislação. Assim, durante a noite foi feito o apuramento parcial em cada mesa, que pode contar com até 800 eleitores, e publicado o respetivo edital à porta, seguindo-se o apuramento autárquico intermédio, a nível do distrito, num prazo de até três dias após a votação, e depois, até cinco dias, a centralização dos resultados por província.
A Comissão Nacional de Eleições tem depois um prazo de até 15 dias após a votação para publicar os resultados finais.
Os eleitores moçambicanos foram chamados a escolher 65 novos presidentes dos Conselhos Municipais e eleitos às Assembleias Municipais, incluindo em 12 novas autarquias aprovadas por Conselho de Ministros em outubro de 2022, que se juntam a 53 já existentes, num total de 1.747 membros a eleger.
Nas eleições autárquicas de 2018, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em oito e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em uma.
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