“Para mim, a minha missão é Lisboa, é tentar fazer o melhor que posso pelos lisboetas, e depois logo verei a minha vida no futuro. Neste momento é essa a minha missão. Para mim é simples. Não há, aliás, nenhuma hesitação”, afirmou Moedas, em entrevista ao Diário de Notícias hoje publicada.

Questionado se poderá apoiar Luís Montenegro, o único nome praticamente certo na disputa da liderança do PSD, o antigo comissário europeu não se quis comprometer, para já.

“Essa não é uma pergunta para este momento. A minha missão é Lisboa e, portanto, nem estou a acompanhar tudo aquilo que se está a passar no partido. Gosto muito do meu partido e desejo-lhe o melhor […]. Posso dizer do que Lisboa precisa neste momento. Sobre o PSD falarei no tempo certo. Acho que estamos a viver tempos difíceis na política e, obviamente, esses tempos difíceis exigem uma forma diferente de fazer política. Aquilo que acho que o PSD precisa é dessa nova maneira de fazer política, mais perto das pessoas, com conteúdo, com esperança no futuro”, afirmou.

O autarca já tinha afirmado após as eleições legislativas de 30 de janeiro que a sua prioridade seria Lisboa, mas, nas últimas semanas, alguns dirigentes e antigos dirigentes do PSD voltaram a insistir no seu nome como o melhor para liderar o partido.

Questionado se seria incompatível acumular a liderança do PSD com a presidência da Câmara, Moedas considerou não se tratar de uma questão formal ou legal, mas pessoal.

“Para mim, neste momento é incompatível naquilo que é a minha visão de uma nova maneira de fazer política”, afirmou, salientando que dirigir a capital é um trabalho “full-time a 100%” que não lhe deixa tempo para mais nada, nem para a família.

“Estou casado com a minha mulher e estamos ambos casados com Lisboa”, ironiza.

Quanto às pressões para que se candidatasse à presidência do PSD, Moedas disse encará-las como “um elogio” ao seu trabalho político.

“Mas, exatamente porque sou uma pessoa de missões, a minha missão é Lisboa. Quando se tem uma missão, a pessoa tem de estar focada nela, e eu estou focado em Lisboa. Foi isso que combinei com os eleitores e não há nada que me faça mudar”, assegurou.

O PSD vai escolher o seu próximo presidente em eleições diretas em 28 de maio (com eventual segunda volta em 04 de junho) e terá Congresso entre 01 e 03 de julho, no Coliseu do Porto.

Por enquanto, não há nenhum candidato assumido à liderança (têm de se apresentar até 16 de maio), mas é praticamente certo o avanço do antigo líder parlamentar Luís Montenegro.

O atual presidente, Rui Rio, anunciou no início de fevereiro que deixaria a liderança do PSD – cargo que assume desde janeiro de 2018 e para o qual tinha mandato até dezembro de 2023 – na sequência da derrota nas legislativas.

Na semana passada, num Conselho Nacional realizado em Ovar (Aveiro), o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, disse estar nos “últimos dias” da sua ponderação quanto a uma eventual candidatura e o antigo líder da JSD Pedro Rodrigues afirmou que, se entender ser o militante em melhores condições de liderar o partido, não hesitará “um segundo” em avançar.

Miguel Pinto Luz, Miguel Poiares Maduro ou Jorge Moreira da Silva são outros possíveis candidatos que ainda não admitiram ou afastaram publicamente essa hipótese, enquanto na semana passada o eurodeputado Paulo Rangel – que disputou diretas com Rio no final de novembro – se colocou fora da corrida, numa entrevista à Rádio Renascença e jornal Público.