Em comunicado, o município do distrito de Viana do Castelo, sustenta a rejeição daquele projeto com "o impacto brutal nos territórios e nas populações locais, originando diversos problemas para a saúde pública, comprovada em diferentes estudos e pesquisas efetuadas por organismos distintos e credíveis".

"A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem publicado vários estudos que demonstram uma relação direta do aumento de doenças do foro oncológico, depressões, aumento de stress, alterações do sono, cefaleias e crises epiléticas, em populações que residem perto ou estão sobre grande exposição aos campos eletromagnéticos criados pela Linha de Muito Alta Tensão", reforça a autarquia liderada pelo social-democrata, António Barbosa.

Em causa está a construção de uma linha elétrica de 400 KV desde Fontefria, em território galego, até à fronteira portuguesa, com o seu prolongamento à rede elétrica nacional, no âmbito da Rede Nacional de Transporte operada pela empresa REN.

Em 2015, o projeto foi "recalendarizado" para ser submetido a novos estudos.

O troço português prevê a construção desta linha através de oito dos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo e ainda por Vila Nova de Famalicão, Barcelos (ambos do distrito de Braga), Vila do Conde e Póvoa de Varzim (do distrito do Porto).

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, o troço nacional deste projeto prevê a construção de duas novas linhas duplas trifásicas de 400 KV, atravessando, potencialmente, 121 freguesias.

A proximidade desta linha aérea às casas, as consequências dos campos eletromagnéticos gerados na saúde humana ou o impacto visual de torres 75 metros com margens de segurança de 45 metros para cada lado são as principais preocupações das populações de ambos os lados da fronteira.

Em Monção, o "Projeto da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, Linha Ponte de Lima-Fontefria, Troço Português, a 400Kv" foi rejeitado pelo executivo camarário, no dia 17 de janeiro e pela assembleia municipal, por unanimidade, na última sexta-feira.

Além de ter recusado a "colocação terrestre de uma linha de muito alta tensão", os órgãos autárquicos de Monção aprovaram outra proposta que prevê "não fornecer qualquer informação ou elemento necessário para a aprovação do projeto, não fazendo chegar, conforme solicitado pela REN, qualquer documentação àquela entidade pública".

Para o município presidido por António Barbosa, "com este empreendimento elétrico, a biodiversidade do concelho ficará severamente afetada, alterando as rotas migratórias de várias espécies animais e atingindo os habitats naturais das espécies autóctones".

"A fertilidade do espaço rural, o equilíbrio biológico e a diversidade dos recursos genéticos, serão atingidos com o projeto" lê-se na proposta aprovada.

O documento aponta ainda que a passagem da linha de muita alta tensão será "penalizadora" para a produção de vinho Alvarinho.

"Além de descaraterizar a paisagem com torres e linhas a riscar aprazíveis espaços verdejantes, colocando em causa a estratégia turística da autarquia, os monçanenses receiam que a qualidade do vinho Alvarinho, seguramente um dos melhores vinhos brancos do mundo, possa ser penalizada com aquele projeto elétrico", reforça a proposta.

Em 2017, a Câmara de Barcelos interpôs uma ação administrativa de impugnação da declaração de impacto ambiental que viabilizou a passagem de linhas de tensão e de muito alta tensão por vários concelhos do Minho.

No Alto Minho, foram realizadas manifestações de protesto promovidas, conjuntamente, pelas populações da Galiza, preocupadas com o impacto na saúde pública.