“O primeiro-ministro entende que a negociação que teve com a Comissão Europeia, no plano de reestruturação, contemplava a privatização da companhia, mas o ministro que exercia na altura a função, e que fez a negociação com a Comissão Europeia, entende que a privatização não estava integrada nesse plano. Um dos dois está a mentir”, concluiu o líder social-democrata.

Luís Montenegro partilhou a ideia à margem de uma visita à cooperativa leiteira Agros, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, no âmbito da iniciativa do partido “Sentir Portugal”, e reiterou duras críticas à forma como o processo da TAP foi conduzido.

“Estamos no domínio da verdade na representação do Estado português. Como é possível haver uma diferença de opinião desta magnitude numa matéria que é tão simples como uma negociação direta entre o Estado e a Comissão Europeia”, questionou o presidente do PSD, numa referência a alegadas divergências entre António Costa e o anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

“Estamos a falar do secretário-geral do PS e de um seu putativo sucessor. Ou António Costa disse que Pedro Nuno Santos mentiu, ou Pedro Nuno Santos chamou mentiroso a António Costa. O país tem de saber, pois é preciso tirar conclusões”, salientou.

Luís Montenegro considerou que, “se o primeiro-ministro mentiu, tem de deixar de o ser”, e “se o ministro que tutelava a área mentiu, não terá condições para ambicionar ser primeiro-ministro”.

Ainda na esfera das críticas ao executivo do PS, o presidente social-democrata abordou as polémicas com a Saúde, afirmando-se “preocupado com a falta de resposta que o ministro tem dado às grandes preocupações da pessoas”.

“Não tendo médico de família, as urgências abertas, quando precisam ou de marcações atempadas de consultas ou cirurgias, as pessoas acabam por recorrer ao setor privado, porque no SNS não tem a respostas de que precisam. Mas nem toda a gente tem meios para isso”, notou Luís Montenegro.

O dirigente do PSD concluir tratar-se de um fator de “desigualdade social” e também deixou críticas ao processo que levou Fernando Araújo ao cargo de diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde.

“Parece que está a atuar na clandestinidade, pois foi nomeado há mais de um ano e o governo nem sequer foi capaz de apresentar a regulamentação das suas funções, que lhe atribua o espaço de manobra para produzir o seu trabalho. É preocupante, não dá segurança às pessoas, é um falhanço inexplicável do ministro”, concluiu Luís Montenegro.