“Não temos esperança que este orçamento possa ele próprio ter remendo no sentido de se poder configurar como um instrumento positivo de políticas públicas no próximo ano e portanto tivemos ocasião de dizer ao senhor Presidente da República que nós rejeitaremos no parlamento este orçamento”, respondeu aos jornalistas Luís Montenegro à saída da audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Para Montenegro, “este é um orçamento de desesperança, é um orçamento que está associado a um Governo de braços caídos, a um Governo que não tem a força transformadora que se exigia a quem tomou posse há meia dúzia de meses”.

"Tivemos ocasião de transmitir ao senhor Presidente da República que este é mais um orçamento depois de sete anos de governação do PS e do primeiro-ministro António Costa onde não há uma perspetiva de transformação estrutural do país e onde há um conjunto de remendos que vão sendo apresentados casuisticamente nas mais diversas áreas, em particular na fiscalidade, mas que não proporcionam um ciclo de crescimento virtuoso em Portugal, um ciclo que possa enfrentar os grandes desafios que infelizmente hoje as famílias e as empresas enfrentam", criticou.

Na análise do líder da oposição, em Portugal há "um ciclo de empobrecimento que se tem vindo a intensificar que se revela nos mais variados níveis".

"Em primeiro lugar na perda de poder de compra que é transversal a toda a sociedade, mas que afeta de uma forma mais intensa os portugueses que têm menores rendimentos", afirmou.

Montenegro apontou ainda o "crescimento ilusório da economia no contexto europeu" e o empobrecimento "porque os principais serviços públicos estão com perdas de qualidade significativas".

O líder do PSD acusou o Governo de fazer um corte de mil milhões de euros no sistema de pensões, depois de o primeiro-ministro ter considerado que apresentava "um índice completo de sustentabilidade", concluindo que também por isso o país está "a empobrecer".

O Presidente da República recebeu hoje, durante todo o dia, os partidos com assento parlamentar, após a entrega, na segunda-feira, da proposta de Orçamento do Estado para 2023 na Assembleia da República.

A proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) prevê que a economia portuguesa cresça 1,3% em 2023 e registe um défice orçamental de 0,9% do Produto Interno Bruto.

O Governo visa reduzir o peso da dívida pública de 115% do PIB para 110,8% em 2023 e projeta que a inflação desacelere de 7,4% em 2022 para 4% no próximo ano.

A proposta vai ser debatida na generalidade no parlamento nos próximos dias 26 e 27, com a votação final global do diploma marcada para 25 de novembro.