“Nós devemos trazer mão de obra, devemos fazê-lo de forma regulada. Isto é, desde que perspetivamos as nossas necessidades de que o país tem de ser atrativo do ponto de vista das condições que dá até à garantia de coisas fundamentais como a habitação, o acesso à saúde, o acesso à educação”, disse Montenegro as jornalistas na Mêda, Guarda, onde se deslocou no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal”.

Questionado sobre a posição assumida pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, que defendeu que os imigrantes “têm de vir para os países com dignidade e têm de vir para os países com contratos de trabalho”, o líder do PSD expressou a sua “visão” sobre o assunto.

“Naturalmente que uma imigração regulada pressupõe que as pessoas não venham para aqui passar tempo, as pessoas venham para aqui trabalhar. A forma como isso se faz? Nós já experimentámos um período em que era obrigatório, no fundo, ter um contrato de trabalho para entrar no país”, justificou.

Na sua opinião, nesta matéria, os portugueses têm de ser “um bocadinho mais ousados e um bocadinho mais arrojados, encaminhando as pessoas que nos procuram para atividades profissionais imediatas e, eventualmente, para ações de formação que possam cobrir as necessidades de mão de obra do nosso mercado de trabalho”.

“Eu não concordo a 100% com essa visão [de Carlos Moedas]. Sou muito claro sobre isso. Concordo que tem que haver regulação, mas nós temos que ser mais ousados. Temos que arriscar, procurar pelo mundo as comunidades que possam interagir melhor connosco, que se possam integrar melhor na nossa cultura, na nossa identidade, e que possam entrar, por via do mercado de trabalho e também por via da formação para ingressarem no mercado de trabalho mais tarde”, disse.

No entanto, vincou que não defende “uma porta completamente escancarada, sem regras”.

Luís Montenegro reafirmou que o PSD já defendeu no parlamento que Portugal precisa de uma agência de migrações dedicada a projetar, programar, atrair imigrantes, acolhê-los e integrá-los.

“Tenho uma certeza: quer eu quer o engenheiro Carlos Moedas temos o mesmo objetivo, que é ter uma política de imigração regulada, que possa servir o nosso mercado de trabalho. Aí estamos de acordo”, afirmou.

Já “a forma como isso se atinge, poderá ter algumas derivações, mas que são naturalmente opções que o poder político deve tomar”.

“No objetivo, naquilo que é principal, nós estamos em confluência, como aliás seria normal por fazermos parte do mesmo partido e por termos esta afinidade política de que vos falo”, observou.

Montenegro reafirmou que o seu partido quer “um programa verdadeiramente pleno de acolhimento, de integração da mão de obra imigrante, de valorização das pessoas”.

Também disse que é preciso dizer aos portugueses que os imigrantes vêm para cobrir as lacunas existentes em muitas áreas de atividade económica.

“Se nós não fizermos nada, nós vamos, daqui a 40 ou 50 anos, ser menos dois milhões ou 2,5 milhões de pessoas e uma sociedade portuguesa com 7,5 ou oito milhões de pessoas não é viável do ponto de vista económico e não é viável do ponto de vista social, porque não vamos ter as contribuições para o Estado poder garantir a execução das suas tarefas principais e a garantia, também, dos seus serviços fundamentais”, alertou.