“Com um condicionalismo inacreditável, nós conseguimos [entre 2011 e 2015], apesar disso tudo, não perder tanta qualidade de vida e tanto bem-estar como aquele que tem sido perdido nos últimos anos”, afirmou Luís Montenegro, que falava durante as comemorações do 49.º aniversário do partido, que decorreram no Convento de São Francisco, em Coimbra.

Para o líder social-democrata, o país está “a perder aquilo que é mais básico”, nomeadamente o bem-estar quotidiano e a qualidade de vida, considerando que, durante o período da ‘troika’, em que o PSD liderava o Governo em coligação com o CDS-PP, foi possível “suster” essa perda, num momento de “dificuldade social verdadeiramente intensa e dramática”.

Luís Montenegro vincou que entre 2011 e 2015 foi possível, apesar da crise em que o país vivia, assegurar “o acesso aos serviços de saúde, à educação, o acesso àquilo que é fundamental na vida — à alimentação, à energia, à mobilidade”.

Em 2012 e 2013, a taxa de desemprego chegou a ser de mais de 15% (atualmente é de cerca de 6%), o salário mínimo estava abaixo dos 500 euros e o índice global de bem-estar definido pelo Instituto Nacional de Estatística (que agrega os índices de condições materiais de vida e de qualidade de vida) foi de 33,9 em 2011 e 39 em 2015, enquanto em 2021 (últimos dados disponíveis) era de 45,7.

Luís Montenegro sublinhou que o Governo “não consegue aproveitar as oportunidades que tem diante de si para transformá-las em desenvolvimento e qualidade de vida” para os portugueses.

Num discurso de mais de meia hora, o líder social-democrata considerou que a sociedade está hoje “asfixiada em impostos” e contribuições para o Estado, recebendo “em troca o falhanço de todas as políticas públicas essenciais, da saúde à educação, da justiça à segurança”.

“Empobrecemos muito nas estatísticas”, criticou.

Perante centenas de militantes do PSD, Luís Montenegro considerou que não fica espantado quando o Presidente da República fala do Governo como uma maioria “requentada e cansada”, porque “só alguém cansado e requentado não consegue aproveitar as oportunidades diante de si para transformar as oportunidades em desenvolvimento e qualidade de vida”.

Abordando o pedido de demissão do ministro João Galamba, recusado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro considerou o comportamento do Governo do PS “dramático”, frisando que não haveria uma “razão atendível e entendível para que o primeiro-ministro não tenha aceitado o pedido de demissão”.

“Não quero acreditar que o pedido foi simulado e a resposta também”, referiu, colhendo risos na plateia.

Perante esta situação, Montenegro diz que cabe ao “PSD não falhar a Portugal, nem desistir de Portugal, que para falhar e desistir já basta o doutor António Costa e o Partido Socialista”.

“Quando dizem que não estamos preparados é porque não querem admitir que estamos mais bem preparados do que este Governo e do que estes governantes”, salientou, enumerando várias das propostas que o PSD tem apresentado perante a situação de inflação que afeta o país.

Já perto do final do seu discurso, Luís Montenegro afirmou que os portugueses podem contar com a “tolerância democrática” do partido que lidera.

“Não precisamos de insultar ninguém nem de enlamear ninguém para fazer valer os nossos pontos de vista”, disse.

(Artigo atualizado às 20h52)