“Não ouvi as declarações do Presidente da República, mas posso ter a certeza absoluta de que não se dirigiam a mim, porque o Presidente da República é uma pessoa sensata, que me conhece bem, os meus valores morais, éticos e humanos”, afirmou Luís Montenegro, questionado pelos jornalistas no final de uma iniciativa do PSD sobre habitação em Lisboa.

Pouco antes, em declarações aos jornalistas no final de mais uma edição da iniciativa "Músicos no Palácio de Belém", Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre declarações do presidente da Câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, e do presidente do PSD, Luís Montenegro, no que toca à política de imigração.

"Quando se trata de um tema tão sensível como esse, nós temos de ter muito bom senso no seu tratamento. Estamos a falar de pessoas, de pessoas que são vítimas em muitos casos de redes de utilização de seres humanos, e estamos a falar de deficiências do funcionamento do enquadramento dessas pessoas na sua legalização ou no acompanhamento da sua atividade laboral, e isso já é uma responsabilidade nossa", defendeu o chefe de Estado.

Sobre outra declaração do Presidente, de que a cópia “será sempre melhor que o original”, Montenegro salientou que o PSD, como partido fundador da democracia, será sempre “o original” e, à pergunta se as suas declarações recentes, revelam uma aproximação ao Chega respondeu com uma única palavra: “Não”.

“Nos últimos dias eu disse – e reafirmo – que as pessoas que trabalham não devem, numa sociedade justa e equilibrada, ter um rendimento inferior às pessoas que não trabalham. Não falei de desempregados e pensionistas, como vejo para aí nas redes sociais”, disse.

Questionado a quem se dirigia, o presidente do PSD concretizou: “Estou a falar das pessoas que estão na esfera de dependência das prestações sociais – prestações que são necessárias, não defendo que acabem – mas não podemos ter uma sociedade que incentiva que esse número de pessoas aumente em detrimento das que trabalham”.

“Isto parece-me tão óbvio que fico sinceramente admirado como poderão alguns dos nossos adversários deturpar essas palavras”, afirmou.

No caso das suas afirmações sobre imigração, Montenegro classificou de escandaloso o tipo de críticas que lhe têm sido dirigidas e, questionado sobre quem diz que roçam xenofobia, desafiou o jornalista a dizer quem fez esse tipo de acusações, dizendo não as admitir e ameaçando até processar quem as fizer.

“Há cinco anos disse num congresso do PSD que era preciso haver um programa nacional de atração, acolhimento e integração de imigrantes (…) Defender que possamos ser profissionais, no sentido bom do termo, e procurarmos saber quantas pessoas precisamos, em que áreas, com que qualificações, isto significa algum tipo de xenofobia? Em que país do mundo?” questionou.

“Eu não fecho as portas a ninguém, defender este programa não significa que as portas se fecham para os outros. Sinceramente, acho que se podiam distrair a falar do que interessa às pessoas e não em manobras de retórica semântica”, criticou.

Na semana passada, a propósito do incêndio na Mouraria que matou duas pessoas, Carlos Moedas defendeu que se deve estabelecer limites por setores à imigração e criticou que seja possível atualmente a entrada de imigrantes em Portugal sem contrato de trabalho. Já Luís Montenegro considerou que o país deve receber imigrantes "de forma regulada” e “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.