Numa intervenção perante o 39.º Congresso do PSD, que terminou com um aplauso de pé, Montenegro admitiu concordar com Rui Rio de que o PSD poderá viabilizar Governos minoritários do PS, desde que António Costa também assegure o inverso.

“Eu queria-lhe dizer dr. Rui Rio, você já demonstrou cá dentro que consegue ser eficaz e aproveitar as oportunidades para ganhar eleições diretas. E eu que o diga e que o diga também o Paulo Rangel, a quem envio uma saudação amiga”, afirmou, referindo-se à condição de ambos de candidatos à liderança do PSD derrotados pelo atual presidente.

Por isso, apelou: “queremos que faça o mesmo ao dr. António Costa e ao PS”.

“Tem um partido todo consigo, vá em frente, Portugal precisa de nós, Portugal precisa de si”, afirmou.

Luís Montenegro desafiou ainda Rio a fazer o que chamou de “teste do algodão” a António Costa - de quem disse estar disponível para “fazer o frete” de governar mais dois anos, antes de se candidatar a Presidente da República.

“Esta é a questão central: se o PSD ganhar as próximas eleições e se o PSD formar governo sem maioria absoluta, está o PS disponível para viabilizar dois primeiros orçamentos do Estado?”, questionou.

Montenegro disse que até concorda com a disponibilidade já manifestada por Rio de viabilizar um eventual governo minoritário do PS, mas apenas com uma condição.

“O PS e António Costa têm de dizer antes das eleições que farão o mesmo connosco”, afirmou, considerando que, se assim não for, os eleitores de centro poderão achar que “é mais seguro” votar nos socialistas.

O antigo líder parlamentar do PSD considerou que a campanha eleitoral será o momento de o PS fazer essa clarificação.

“Não vale dizer que a seguir às eleições se verá com os resultados eleitorais”, alertou.

Luís Montenegro aproveitou a sua longa intervenção - desta vez a Mesa não ameaçou cortar-lhe a palavra, como há dois anos - para justificar o silêncio quase total a que se remeteu desde que perdeu as diretas, em janeiro de 2020.

“Alguns mais incautos precipitaram-se e pensaram que me afastara de vez da política e do nosso partido. Estive sempre perto, calado, mas perto”, assegurou, justificando que o silêncio foi o seu contributo para “um PSD mais tolerante, com menos ódios mesquinhos e pessoais”.

Entre várias ideias para o país, Montenegro defendeu que Portugal precisa “de um plano estruturado” de atração de imigrantes, identificando as áreas em que o país tem falta de mão de obra.