No arranque do terceiro dia oficial de campanha, Luís Montenegro visitou a Cersul, um agrupamento de produtores de cereais em Elvas, acompanhado da presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Fermelinda Carvalho, e do cabeça de lista da AD (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM), Rogério Silva, presidente da Câmara de Fronteira, com mandato suspenso, num círculo onde o PSD não elege desde 2015, quando concorreu em conjunto com o CDS-PP.

Montenegro ouviu queixas de um dos administradores da Cersul, Bulhão Martins, de “oito anos de abandono do setor” pelo Governo PS e foi questionado pelos jornalistas sobre como quer valorizar este setor se for primeiro-ministro.

“Em primeiro lugar, ter um Ministério da Agricultura que seja atuante e possa estar perto dos agricultores e interagir com eles, diminuindo a carga burocrática, ajudando na utilização de recursos financeiros, nomeadamente em sede de fundos europeus e tratando, na parte que as políticas públicas podem fazer, de dar mais competitividade à agricultura”, disse.

Como exemplo, o presidente do PSD apontou a gestão da água, em que acusou o executivo socialista de “ausência completa” nos últimos oito anos.

“Em Portugal, mais do que um problema de falta de água, temos um problema de falta de capacidade de armazenamento e condução da água para os locais onde é preciso, quer para o abastecimento humano, quer para a agricultura”, disse.

Montenegro defendeu que o Governo pode ter também uma intervenção na Europa para que a agricultura portuguesa “não esteja em segundo plano face às potências agrícolas do norte e do centro da Europa”.

“E tudo isso é aquilo que um ministro da Agricultura forte pode e deve fazer”, apontou.

Questionado se já tem algum nome na cabeça para essa pasta — onde a AD já assumiu querer integrar também a parte das florestas -, Montenegro respondeu ter alguns.

“Felizmente, nós temos nos nossos quadros de candidatura e também nas pessoas que nos têm auxiliado da sociedade civil, pessoas com capacidade, com qualidade”, disse.

À pergunta se estaria a pensar em Eduardo Oliveira e Sousa, ex-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, para o cargo, o líder do PSD não se quis comprometer.

“Estou a apensar em todos aqueles que, nas suas áreas de intervenção, têm crédito e experiência para ajudar o país”, disse.

Montenegro repetiu a intenção, se vencer as legislativas de 10 de março, de implementar uma reunião mensal do Conselho de Ministros (além das semanais) em três áreas temáticas em que a agricultura terá “uma palavra”: assuntos económicos, transição ambiental e transição digital.

“Fui-me apercebendo que os últimos trouxeram um acréscimo de burocracia a vários setores da administração pública”, disse, acrescentando que tal não só potencia a corrupção como dificulta a atividade económica.

Montenegro salientou a importância estratégica da agricultura não só para aumentar a soberania alimentar do país, mas também como forma de fixação das pessoas e até para diminuir a exposição do país aos incêndios florestais.

“Se nós fizermos bem as contas, quando há um grande incêndio, os meios financeiros de que nós dispomos para o combate e diminuição do impacto no património e na vida das pessoas é 50 ou 100 vezes maior do que o que fazemos para ter a floresta organizada”, salientou.

Durante cerca de uma hora, Montenegro ouviu as explicações dos administradores da Cersul, visitou o lagar que recebe cerca de 25 milhões de quilos de azeitonas por ano da região e, no final, ainda recebeu um garrafão de cinco litros de azeite transformado no local.