As comemorações dos 500 anos da morte do explorador português iniciaram-se hoje à tarde com a colocação de uma coroa de flores pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, no túmulo de Vasco da Gama, no Mosteiro dos Jerónimos, ao lado da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.

À saída, em declarações à comunicação social, o chefe do Governo foi por três vezes questionado sobre o novo modelo de atendimento a grávidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo (numa primeira fase piloto), que a partir de hoje terão de ligar para a Linha SNS Grávida antes de recorrerem à urgência hospitalar de Obstetrícia e Ginecologia, e também sobre a crise política na Alemanha, mas disse não se querer desviar da evocação de Vasco da Gama.

“Não levem a mal. Eu posso responder à pergunta, mas estaria a ser incoerente. Nós temos essas preocupações todas, naturalmente, mas teremos outras oportunidades de falar sobre isso também”, disse, justificando não querer “diminuir o ato” que tinha acabado de acontecer.

O primeiro-ministro classificou Vasco da Gama como “uma grande figura para a história do mundo” e “um precursor da globalização”.

“Alguém que, conjuntamente com todos aqueles que estiveram ligados aos descobrimentos, abriram as portas do mundo e deram um sinal de inovação, um sinal de progresso, um sinal de universalismo que hoje nos deve inspirar para aquilo que temos de fazer como descendentes que somos desta personalidade e daqueles que o motivaram e acompanharam à época”, disse.

Montenegro admitiu que, 500 anos depois, Portugal não já pretende ir à descoberta do mundo: “Mas estamos numa circunstância em que queremos que o mundo nos descubra a nós, à nossa capacidade”.

Tal como tem feito em outras ocasiões, o primeiro-ministro salientou que Portugal é hoje um país de referência pela “estabilidade política, estabilidade social, estabilidade económica e financeira”.

“E, portanto, um bom destino para os investimentos de todos aqueles que no mundo querem ser mais vanguardistas, querem ser mais inovadores, querem apostar no conhecimento científico, querem apostar na qualidade, querem apostar na capacidade empreendedora, na competitividade”, disse.

O chefe do Governo considerou que Vasco da Gama pode também ser “um bom tónico” para os jovens portugueses.

“Há 500 anos atrás, nós fomos à procura dessas oportunidades lá fora e hoje é nosso dever, na inspiração que nos dão figuras maiores da nossa vida enquanto nação, como o Vasco da Gama, olhar para esse exemplo e inspirar-nos para as tarefas que temos à nossa frente agora”, disse.

Montenegro aproveitou para cumprimentar a ministra da Cultura pela forma como organizou estas comemorações, numa perspetiva de “difundir ainda mais o percurso e o significado da obra” de Vasco da Gama.

“Pelo seu trabalho, pela sua capacidade, foi possível abrir as portas do mundo aos países europeus e, a partir daí, podermos explorar novos intercâmbios culturais, novos relacionamentos entre povos”, disse.

Em seguida, Montenegro partiu a pé para o vizinho Centro Cultural de Belém para assistir, no âmbito ainda do arranque das comemorações dos 500 anos da morte de Vasco da Gama, ao concerto “Mares”, sob a direção do maestro Nuno Corte-Real, pela Orquestra de Câmara Darcos e o Officium Ensemble.

A escolha do início das comemorações a 16 de dezembro próximo foi no sentido de incluir no calendário a data da morte do navegador, no dia 24 de dezembro de 1524 em Cochim, no sul da Índia, explicou a ministra da Cultura em novembro à agência Lusa, acrescentando estar previsto deslocar-se a esse país em janeiro próximo.

Vasco da Gama viveu em Lisboa, junto ao Chafariz d’El Rei, no bairro de Alfama, e foi da capital que partiram as três viagens que efetuou à Índia, em 1497, 1504 e a última, em 1524, vindo a morrer como vice-rei da Índia.