“Está consignada a obra do túnel, que corresponde à segunda fase [da empreitada total]. Estamos convencidos de que é possível manter o cronograma da obra, sendo que, quanto a obras, é sempre um trabalho de relojoaria”, afirmou Rui Moreira na reunião camarária pública, em resposta a questões de Hugo Silva, da associação de comerciantes do mercado centenário.

A obra no edifício, encerrado para ser recuperado, levando os comerciantes a ser transferidos para o Mercado Temporário, foi “consignada oficialmente” a 15 de maio de 2018, prevendo-se dois anos para a conclusão dos trabalhos, sendo que a empreitada do túnel, recentemente adjudicada, tem um prazo de execução de cerca de um ano.

A Câmara anunciou no fim de fevereiro ter adjudicado à empresa Teixeira Duarte, por perto de 4,4 milhões de euros, a obra do túnel de acesso à cave do Mercado do Bolhão, entre as ruas do Ateneu Comercial do Porto e a Alexandre Braga.

Esta adjudicação realizou-se após a realização de um segundo concurso público, uma vez que o primeiro não teve qualquer candidatura.

Na sessão camarária de hoje, o presidente da autarquia, o independente Rui Moreira observou que, “no futuro”, o Mercado do Bolhão “vai garantir os direitos históricos” dos comerciantes de frescos.

O autarca notou que o espaço disponível no edifício reabilitado permitirá acolher “muito mais operadores”, sendo para esse respeitado o “princípio da concorrência”, através da realização de “uma hasta pública” para selecionar os interessados.

“O objetivo da Câmara é maximizar os resultados. Os futuros comerciantes serão os construtores do Mercado do Bolhão, que será um mercado municipal de frescos”, afirmou Moreira.

Quanto às lojas exteriores do edifício, o autarca esclareceu que alguns dos comerciantes “voltarão” ao mercado original e que os restantes espaços também serão distribuídos com preferência para o “setor da alimentação”.

“Vamos ficar aí com um stock de lojas razoável. A nossa estratégia é que sejam viradas para o setor da alimentação. Gostaríamos de criar ali um ‘hub’

, porque fora do mercado, naqueles quarteirões, existe também essa tradição [ligada à restauração]”, indicou o presidente da Câmara.

De acordo com o autarca, o município “não exclui” a instalação, no futuro Bolhão, “de negócios de tradição” no Porto com dificuldades.

A empreitada do túnel pretendem, de acordo com a página da Internet da autarquia, "contribuir para a retirada de tráfego nas ruas do Ateneu Comercial do Porto e Alexandre Braga" e "facilitar as cargas e descargas inerentes à atividade comercial na zona envolvente ao Mercado".

De acordo com uma proposta aprovada por unanimidade pela Câmara do Porto a 22 de setembro de 2015, prevê-se que o túnel tenha "quatro metros de altura e duas vias de circulação com quatro metros de largura em cada sentido", para acesso de cargas e descargas à cave do futuro Bolhão.

O atual projeto de recuperação do Bolhão, classificado como Monumento de Interesse Público em 2013, é a quarta iniciativa da Câmara do Porto para requalificar o espaço centenário ao longo dos últimos 30 anos.