No encerramento da campanha, um arraial organizado na Junta de Freguesia de Belém (em Lisboa), onde vive, Moreira da Silva manifestou a convicção de que vencerá as eleições diretas de sábado e relembrou, sem o mencionar, a vitória inesperada de Cavaco Silva frente a João Salgueiro em 1985.

“Não é por ter andado em Paris, em Nova Iorque e Bruxelas que perdi o pé e o jeito para o partido. O que conta é a empatia, a confiança, a credibilidade e também em ‘85 era suposto que ganhasse uma pessoa e ganhou outra`. E eu acho que amanhã vamos dar uma grande vitória”, disse, apelando a que todos os militantes votem.

Perante cerca de uma centena de pessoas num ambiente informal, com bifanas e imperiais, o antigo ‘número dois’ procurou resumir a escolha entre si e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro, a que chamou solução “dois em um” ou “um em um”.

“A solução é muito simples: uma solução um mais um é aquela em que escolhemos alguém agora e depois temos de escolher alguém daqui a dois anos; ou uma solução dois em um para podermos dar uma resposta integral aos dois objetivos: refundar o partido e conseguir protagonizar uma alternativa e uma oposição ao PS”, definiu.

Ou seja, para Moreira da Silva votar em Montenegro “é uma solução tática” em que o partido “escolhe alguém com perfil de porta-voz e de contestação” e daqui a dois anos, nas próximas diretas, “aí sim o PSD apresentará outra pessoa para protagonizar a alternativa”.

No entanto, alertou, o PSD pode ter de disputar eleições mais cedo e aí o partido será “apanhado em falso”.

“Eu preconizo uma solução dois em um, que é escolher alguém que seja capaz de fazer oposição firme, enérgica e eficaz - o que conta é a eficácia, não são os decibéis -, mas também que seja capaz de apresentar uma visão com projeto, com propostas que seja capaz de libertar potencial desenvolvimento do país”, defendeu.

É essa, aliás, a razão apontada pelo antigo dirigente do PSD para se ter demitido do cargo que ocupava na OCDE para disputar neste momento as eleições internas.

“De pouco valia ter pensado o país, ter agregado pessoas em torno de uma reflexão estratégica se, na altura em que era mesmo necessário, mantivesse o meu pensamento para Portugal no bolso à espera que me viessem com a chave da São Caetano à Lapa [sede do PSD} e a de São Bento [residência do primeiro-ministro] na mão porque era mais fácil”, disse.

O candidato reiterou, como tem afirmado ao longo da campanha, recusar “fazer política com a calculadora no bolso”, e citou o fundador do partido Francisco Sá Carneiro: “A política sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha”.

Moreira da Silva disse ter feito campanha não de comícios, mas de sessões em diálogo com militantes - “falei tanto para 300 pessoas como para 14” -, voltou a responsabilizar o seu adversário pela ausência de debates e desvalorizou o facto de não contar com o apoio de nenhum dirigente distrital ou regional.

“É não conhecer o partido pressupor que 21 pessoas mandam no partido. Tenho o maior respeito pelos dirigentes distritais e regionais, mas pressupor que as eleições são determinadas por 21 pessoa e não pela vontade individual de 44 mil militantes com quotas pagas é não conhecer a história do PSD”, considerou.

Marcaram presença no encerramento de campanha de Moreira da Silva figuras do partido como o antigo ministro Pedro Roseta e a filha e vereadora municipal Filipa Roseta, o antigo secretário de Estado Henrique Freitas, o presidente da junta de freguesia do Lumiar Ricardo Mexia, os deputados António Prôa, Joana Barata Lopes e Lina Lopes, presidente da estrutura informal do PSD Mulheres Social-Democratas.

O atual secretário-geral adjunto da direção de Rui Rio João Montenegro, o diretor de campanha e deputado Carlos Eduardo Reis e a mandatária distrital e bastonária da Ordem dos Enfermeiros Ana Rita Cavaco foram outros dos apoiantes presentes neste ‘fecho’ da campanha interna.

As eleições diretas para escolher o próximo presidente do PSD realizam-se no sábado entre as 14:00 e as 20:00 em todo o país.