Engenheiro químico de formação e militante do PSD, Cardoso e Cunha foi deputado, ministro da Agricultura e Pescas de Governos da AD liderados por Sá Carneiro.
Em 1986, após a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), foi nomeado comissário europeu, cargo que ocupou até 1993, integrando as duas comissões presididas por Jacques Delors.
No final da década de 1990, foi nomeado comissário da Expo'98 e em seguida presidente do Conselho de Administração da TAP, tendo saído do cargo em 2004 para dar lugar a Fernando Pinto.
“Lamentamos o falecimento de António Cardoso e Cunha, que foi o primeiro membro da Comissão Europeia proposto por Portugal. Apresentamos condolências à sua família”, lê-se numa mensagem divulgada na conta oficial do MNE no Twitter.
A atual comissária portuguesa, Elisa Ferreira, recorreu também ao Twitter para manifestar condolências à família e amigos, sublinhando que o nome de Cardoso e Cunha “ficará para sempre associado à participação portuguesa na UE”.
A Câmara de Leiria também lamentou hoje de um dos filhos da terra. Numa nota de imprensa, o município presidido por Gonçalo Lopes faz saber que “lamenta profundamente” a morte de António Cardoso e Cunha.
“À família e amigos, o município endereça as mais sentidas condolências”, acrescenta a nota.
Presidente da República recorda "o homem e o político destacado"
Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, realça-se que Cardoso e Cunha "foi o primeiro comissário português a integrar o colégio de comissários da Comissão Europeia, liderado então por Jacques Delors, logo no ano da adesão portuguesa em 1986".
"Nestas funções prestigiou Portugal e teve uma enorme influência na nossa plena integração nas estruturas comunitárias, que exerceu até 1993, tendo ocupado vários pelouros, nomeadamente o das pescas e o da administração", acrescenta-se.
Marcelo Rebelo de Sousa, reeleito chefe de Estado no domingo, realça também a sua "longa e prestigiosa carreira como político, empresário e gestor, militante do PSD", destacando o exercício de funções governativas como "primeiro como ministro da Agricultura e Pescas do Governo da Aliança Democrática (AD), liderado por Francisco Sá Carneiro em 1980, e, em 1981, liderado por Francisco Pinto Balsemão".
"Foi ainda deputado à Assembleia da República em três legislaturas e, na década de 90, comissário da Expo'98. Desempenhou também funções como presidente do Conselho de Administração da TAP, de onde saiu em 2004, ainda a companhia era uma empresa pública. Lamentando a sua morte e recordando o homem e o político destacado, o Presidente da República apresenta as suas sinceras condolências à família enlutada", lê-se na mesma nota.
Comissão Europeia reage à morte de Cardoso e Cunha
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou hoje que António Cardoso e Cunha, antigo comissário europeu que morreu este domingo, ficará sempre ligado à participação de Portugal na construção europeia.
“Soubemos ontem [domingo] à noite da morte do antigo comissário europeu António Cardoso e Cunha”, disse o porta-voz do executivo comunitário, Eric Mamer, sublinhando que “o seu nome ficará sempre associado à participação de Portugal na construção europeia”.
“Em nome da presidente Von der Leyen e de todo o colégio, gostaria de expressar a nossa simpatia e condolências à família e amigos” de Cardoso e Cunha, que “trouxe ao executivo uma vasta experiência quer no setor público quer no privado”.
Mamer recordou ainda que António Cardoso e Cunha “cumpriu dois mandados sob a presidência de Jacques Delors, primeiro como comissário para as Pescas e depois com uma pasta muito vasta que incluía o pessoal, administração e tradução, energia, pequenas e média empresas e turismo”.
Cavaco Silva agradece o "talento ao serviço de Portugal"
O ex-Presidente da República Cavaco Silva manifestou hoje o seu "imenso pesar" pela morte do homem que escolheu para primeiro comissário europeu português e agradeceu-lhe "a forma como pôs o seu talento ao serviço de Portugal".
"Competente, dinâmico, determinado e com excelente capacidade de direção, fez um bom trabalho em Bruxelas nas pastas que ocupou e, atento à defesa dos interesses nacionais, foi importante para que a integração de Portugal fosse um sucesso", sublinha o anterior chefe de Estado numa nota enviada à agência Lusa.
Cavaco Silva manifesta "imenso pesar" pela morte do seu antigo colega no governo liderado por Francisco Sá Carneiro e também a sua "escolha para primeiro comissário português na então Comunidade Económica Europeia", responsável pelas áreas da energia e das pescas.
"O desempenho e a ampla experiência de Cardoso e Cunha em Bruxelas justificou a minha escolha para liderar um dos mais ambiciosos projetos que Portugal conheceu no final do século XX – a realização da Expo’98", afirma.
Para o ex-Presidente, "é inequívoco que o sucesso da Exposição Internacional de Lisboa, assim como a revolução urbana que mudou radicalmente a fisionomia da zona oriental da cidade se ficam a dever, em primeira linha, à visão, à coragem e à notável capacidade de organização de Cardoso e Cunha".
"No momento da sua partida, presto-lhe uma sentida homenagem e renovo o agradecimento pela forma como pôs o seu talento ao serviço de Portugal", conclui o ex-chefe de Estado.
(Artigo atualizado às 14:52)
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