
Engenheiro civil, militante do Partido Socialista, foi Ministro da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves, em 1975. Ocupou ainda o cargo de Ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território no Governo de António Guterres.
O histórico socialista, João Cravinho morreu "tranquilamente em casa", segundo fonte da família disse à RTP.
Nascido em Angola, em 1936, João Cravinho foi ministro da Industria e Tecnologia do IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves, em 1975.
No ano seguinte entrou no Partido Socialista, que representou na Assembleia da República em sete legislaturas, entre 1976 e 2005, voltando a assumir funções governativas no XIII Governo Constitucional, chefiado por António Guterres, enquanto ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território.
Ao longo do seu percurso político, foi voz ativa em defesa da transparência da vida pública e, em 2006, enquanto deputado, apresentou um pacote ‘anti-corrupção’ em que propunha a criminalização do enriquecimento ilícito.
A intenção foi rejeitada pela sua própria bancada parlamentar, numa altura em que o líder do PS e primeiro-ministro era José Sócrates.
Outra proposta de João Cravinho previa colocar sob suspeita uma pessoa cujas declarações de rendimentos não correspondessem ao seu real património.
Esta ideia foi também rejeitada pelos socialistas, que argumentaram que se estaria a inverter o ónus da prova.
Anos antes, em 2001, João Cravinho foi testemunha no processo que julgou o então presidente da Junta Autónoma de Estradas (JAE) Garcia dos Santos por desobediência qualificada, depois de ter recusado revelar ao parlamento quem lhe disse haver situações de corrupção em empreitadas daquele organismo público tutelado pelo Governo.
O caso remontava a 1998, quando Garcia dos Santos denunciou casos de corrupção na JAE, estrutura que deixou no mesmo ano em rutura com o então ministro das Obras Públicas. No ano seguinte, João Cravinho extinguiu a JAE.
Formado em Engenharia Civil, pelo Instituto Superior Técnico, e com mestrado em Artes (Economia) pela Universidade de Yale, chegou a frequentar durante dois anos um programa de doutoramento da Universidade de Oxford, que deixou após o 25 de Abril.
Foi Director Geral do Planeamento da Indústria, fundador e diretor do Grupo de Estudos Básicos de Economia Industrial (GEBEI), consultor da OCDE, da UNESCO e da Comissão Europeia.
O seu filho, João Gomes Cravinho, foi ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros em executivos liderados por António Costa.
A Assembleia da República já assinalou a morte do ex-ministro com um minuto de silêncio, após o presidente do parlamento ter destacado os “inúmeros cargos de relevo” que exerceu e os “serviços relevantes” prestados ao país.
Foi “membro de vários Governos e nosso colega aqui na Assembleia da República. Prestou serviços relevantes ao país e eu não queria deixar de assinalar, e penso que o posso fazer em nome da câmara, o nosso testemunho de muito respeito e os nossos sentimentos à família e ao PS, em particular”, disse.
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