"Ele foi sempre muito dinâmico e muito lúcido até ao fim. Ele só vivia para a música e só se preocupava com seus concertos programados até 2020", disse Suzanne Guillou, de 39 anos.
O organista tinha um concerto previsto para 15 de fevereiro, em Itália, um em 05 de abril em Marselha, no sul da França, e no dia 21 de maio, em Roma.
Músico de renome mundial, prolífico compositor, pedagogo e construtor de órgãos, Guillou foi o organista-titular da igreja de Saint-Eustache de 1963 a 2015, um dos cargos organísticos mais prestigiados em França, mas por se considerar pouco respeitado, decidiu bater com a porta, segundo notícia da AFP.
"Basicamente, eu acho que a música não tem nada a ver com religiões, eu sempre disse que se tem que tirar o órgão das igrejas e dar-lhe outra vida!", afirmou o organista numa entrevista à AFP em 2015.
"Era um imenso artista, um homem extravagante, pouco reconhecido em França", disse Jean-Marie Brohm, ex-presidente da associação Augure, que promove o trabalho de Jean Guillou.
Em 2010, Jean Guillou recusou a Legião de Honra, como prostesto, “num momento em que a música clássica viu diminuída a sua presença em todas as instâncias oficiais” fracesas.
Nascido em Angers, no oeste da França, em 1930, estudou no Conservatório de Paris - órgão com Marcel Dupré, harmonia com Maurice Duruflé, e análise com Olivier Messiaen -, deu aulas de órgão em Lisboa, e depois em Berlim, onde compôs os primeiros trabalhos.
Se encontrou um cargo em Paris, foi em Zurique, na Suíça, que ensinou mais de 300 alunos, de 1970 a 2005, juntamente com Geza Anda (piano) e Nathan Milstein (violino), no âmbito dos Züricher International Meisterkurse.
"Eu tive todos os jovens organistas em minhas mãos por 35 anos", disse o organista.
Compositor, improvisador e transcritor para órgão de peças de compositores como Bach, Liszt e Schumann, entre outros, interessado na modernidade, Jean Guillou também aplicou os seus projetos inovadores ao órgão, ajudando a projetar instrumentos em França, em L'Alpe-d 'Huez, mas também em Bruxelas, Nápoles, Roma e Zurique.
Autor de mais de 90 composições, entre peças para órgão como “Ballade Ossianique”, “La Chapelle des Abîmes”, “Alice au pays de l'orgue”, tendo ainda composto também para órgão acompanhado por outros instrumentos, para orquestra, música de câmara, entre outros géneros, além de transcrições para órgão, e deixou “muitos escritos”, segundo a AFP que assinala a sua “importante discografia”.
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