Segundo Domingos Augusto Ramalho, “a comunidade portuguesa na Suíça perdeu um grande mentor, um ativista carismático, uma referência para todos”.
Por seu lado, o diretor do jornal "Gazeta Lusófona", Adelino Sá, considerou que "morreu um homem bom, um homem de caráter, que esteve sempre ao lado de quem necessitava, incapaz de ser indiferente às injustiças no mundo do trabalho, que lutou pelas liberdades e contra os interesses instalados”.
“Muitos hão de recordá-lo apenas como o primeiro sindicalista português na Suíça, mas foi muito mais do que isso. Foi um grande amigo, mas também um impulsionador do nosso jornal. Encorajava-me repetidamente a manter este projeto, queria que abordasse todos os assuntos da nossa comunidade", considerou.
Por seu lado, Augusto Ramalho, um amigo que vive em Zurique, referiu que Manuel Beja era um líder "sempre pronto a escutar, capaz de refletir antes de se pronunciar, bem informado nas suas argumentações".
"O Manuel marcou a história vida das lutas por direitos laborais da comunidade portuguesa nos últimos 40 anos na Suíça, todos os emigrantes portugueses da nossa geração o conhecem", lembrou a também sindicalista Conceição Belo.
Segundo Conceição Belo, o empenho de Manuel Beja na luta por melhores condições laborais não se limitava aos trabalhadores de origem portuguesa: "Bateu-se sempre por todos e por isso é recordado noutras comunidades".
A sindicalista recordou que Manuel Beja participou na luta por uma reforma antecipada no setor da construção civil ou pelo fim discriminatório do estatuto de sazonal, que durante muitos anos dividiu muitas famílias portuguesas, pois os homens só tinham contratos de nove meses, os filhos não podiam frequentar a escola e o acesso ao mercado de trabalho estava barrado às mulheres.
"Incansável, um exemplo admirável para todos aqueles que se identificam com os ideais do associativismo, que infelizmente hoje atravessa uma enorme crise", disse Domingos Augusto Ramalho, ressalvando que o trabalho desenvolvido por Manuel Beja nestes mais de 40 anos na Suíça foi feito à custa da sua vida privada e da sua saúde.
"Nas deslocações pela Suíça, quando organizava debates informativos nas associações portuguesas, pagava do bolso dele, fazia tudo pelo bem das pessoas", lembrou ainda Conceição Belo, acrescentando que "quando a crise obrigou os portugueses a sair do país em 2009-2010, Manuel Beja andava pelas ruas de Zurique à procura daquelas famílias que viviam com as crianças no automóvel, ajudava, encorajava".
O sindicalista chegou à Suíça em 1971, tendo saído de Portugal para não cumprir o serviço militar.
Manuel Beja nasceu a dia 24 de fevereiro de 1944, em Alcobaça, onde se realiza o velório, na quinta-feira.
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