Autor de "New York" (1957), uma das grandes obras da história da fotografia, Klein morreu "pacificamente" na noite de sábado, informou o seu filho.
Além de fotógrafo, William Klein destacou-se como pintor, cineasta e artista gráfico. Em todos estes campos optou sempre pela transgressão e experimentação. "Fotografava como um boxeur", resumiu Alain Génestar, diretor da revista especializada Polka.
Levou para as ruas a alta costura, retratou duramente os habitantes da sua cidade natal e outras grandes cidades como Roma, Moscovo ou Tóquio, e filmou regularmente, ao longo de suas décadas de carreira, documentários e filmes de ficção, como "Mr. Freedom" (1968) e "Quem é Polly Maggoo??" (1966).
Klein trabalhou para as grandes revistas de moda e atualidade da segunda metade do século XX, e filmou mais de 250 anúncios. Foi, porém, o seu estilo direto, com um preto e branco cheio de contrastes e granulação grosseira, que lhe rendeu fama e o levou a colaborar com outros artistas, como os cineastas Federico Fellini e Louis Malle.
Klein nasceu em 19 de abril de 1926, no seio de uma família judia ortodoxa em Nova Iorque. Descobriu a Europa graças ao serviço militar e, em 1946, instalou-se em França, onde conheceu a sua mulher, Jeanne Florin, com quem partilhou a vida até ao seu falecimento, em 2005.
Durante as suas aulas de pintura, foi atraído pela arte bruta e pela reutilização de materiais. Mas foi quando comprou uma câmara Rolleiflex que descobriu a sua verdadeira vocação.
Klein retornou então à sua cidade natal, com a qual mantinha uma relação de amor e ódio. Lançou em 1956 "Life is Good & Good for You in New York:", um livro que desestabilizou o mundo da fotografia pelo seu estilo caótico, com imagens que preenchiam as páginas, cenários improváveis, em um culto à fealdade.
O livro foi publicado na França e ignorado nos Estados Unidos, que vivia a sua Era de Ouro e parecia assustar-se com aquele olhar sarcástico e austero do "American Dream".
"A minha ideia era fazer uma espécie de tabloide, um jornal pesado com layout brutal, grandes manchetes chamativas, tudo que Nova Iorque merecia", explicou Klein.
Fellini sentiu-se atraído pelo livro e convidou a Klein para auxiliá-lo nas filmagens de "As Noites de Cabíria", de 1957.
Klein aproveitou a oportunidade para fotografar Roma (1959), e logo fez o mesmo com Moscovo e Tóquio (1964).
William Klein recebeu, entre outros, o Grande Prémio Nacional da França, o prémio Hasselblad na Suécia e um prémio por toda a sua carreira do Instituto Americano de Artes em Nova Iorque.
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