Depois da manhã dedicada ao debate nas rádios entre quase todos os líderes parlamentares, a caravana bloquista arrancou para o segundo dia oficial de campanha ao juntar-se ao protesto de centenas de trabalhadores da Teleperformance, em Lisboa.

De microfone na mão a falar para os trabalhadores concentrados nas escadas do edifício, Mariana Mortágua, visivelmente emocionada a dada altura, defendeu que “há duas formas de estar na vida e de estar na política” porque “ou se está com quem trabalha ou se está com quem quer lucrar e explorar quem trabalha”.

“Os partidos têm que fazer uma escolha: de que lado é que estão. Eu e o meu partido nunca vacilámos, pusemos a palavra precariedade no mapa, estivemos ao vosso lado em todas as lutas e estamos agora, faça chuva ou faça sol”, assegurou.

A líder do BE disse “não, obrigada” às multinacionais que se instalam em Portugal “para explorar trabalhadores, para lhes pagar abaixo do salário mínimo”, defendendo que trabalhadores da Teleperfomance “têm todo o direito a lutar por melhores salários” e deixando um agradecimento a estas centenas de pessoas por estarem a “lutar por um país mais digno”.

“Um país que não aceita explorar o trabalho porque isto não é dignidade, não é modernidade, não é crescimento económico”, disse, deixando depois umas palavras em inglês porque havia muitos trabalhadores de outros países presentes.

Antes, aos jornalistas, Mariana Mortágua tinha defendido que “Portugal não pode ser a meca dos baixos salários, não pode ser o país que atraí multinacionais porque paga salários de miséria”.

“Esta é uma manifestação histórica. Quando a direita fala de grandes multinacionais que se instalam em Portugal este infelizmente é o modelo que temos: uma enorme multinacional que se recusa a pagar o salário mínimo porque diz que a residência que dá, a cama que dá aos trabalhadores já faz parte do salário e que se recusa a pagar os prémios aos trabalhadores”, descreveu.

Em causa, nas palavras da líder do BE, estão “milhares de jovens qualificados que recebem o salário mínimo nacional ou abaixo dos mil euros”.

“A luta pelos salários melhores, a luta que impeça os jovens de emigrar está aqui, está nestas pessoas que se manifestam hoje nesta manifestação histórica”, enfatizou.

Para Mortágua esta é uma reivindicação justa e “Portugal não serve para isto” porque “não pode ser o offshore dos baixos salários onde milhares de jovens qualificados trabalham por uma casa e isso é considerado parte do seu salário”.

“Muitas vezes quando a direita diz que é preciso atrair multinacionais para Portugal, aqui está um exemplo de um modelo errado”, reiterou.

Centenas de trabalhadores da Teleperformance estão hoje concentrados, em Lisboa, reivindicando o aumento dos salários e o fim dos cortes nos prémios.

Os trabalhadores exigem ainda a progressão salarial de acordo com a antiguidade na empresa, o fim dos cortes nos bónus e da obrigatoriedade do pagamento do subsídio de refeição em cartão de refeição, que também querem ver aumentado.

A Teleperformance é uma multinacional, com presença em mais de 90 países e com cerca de 500.000 trabalhadores.

Em Portugal, conta com, aproximadamente, 14.000 trabalhadores e presta serviço a empresas como TAP, EDP, BPI, Santander, Meta, Google, Microsoft e Netflix.