O que causou a explosão que danificou gravemente o cruzador russo Moskva? A Rússia informa apenas que o navio ficou "gravemente danificado" na sequência de uma explosão de munições causada por um incêndio.

De acordo com as agências de notícias estatais russas Tass e Ria Novosti, o Ministério da Defesa disse que a tripulação do cruzador foi retirada e que uma investigação está em curso para determinar a causa do incêndio. As agências russas não mencionaram a localização do Moskva quando a explosão aconteceu, nem qualquer possível ataque da Ucrânia.

No entanto, Kiev garante que os estragos foram causados por armamento ucraniano. Na quarta-feira à noite, o chefe da administração militar regional de Odesa, Maksym Marchenko, disse que as forças ucranianas tinham atingido com mísseis Neptuno o Moskva, causando “danos graves”, segundo a agência de notícias ucraniana Ukrinform.

Este navio de 186 metros de comprimento entrou em serviço em 1983 durante a era soviética com o nome Slava (Glória). Concebida para ser um destruidor de porta-aviões, a embarcação — dotada de lança-mísseis Atlant — foi rebatizada em 1995 como Moskva (Moscou) e está dotada de 16 mísseis antinavio Bazalt/Voulkan, de mísseis Fort, que são a versão marinha dos mísseis S-300 de longo alcance, contando ainda com lança-mísseis, canhões e torpedos.

Podendo abrigar até 680 tripulantes, o primeiro conflito em que participou foi o da Geórgia em agosto de 2008. A Rússia não informou quais foram as suas missões, mas um alto responsável militar georgiano, questionado pela AFP nesta quinta-feira, indicou que a embarcação entrou no porto de Ochamchire para bombardear as forças georgianas, que acabaram a perder à época a única região que estava sob o seu controlo no território dos separatistas.

O então presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, expressou a sua "gratidão" à tripulação do navio pela sua "coragem e determinação" no conflito.

Depois, em setembro de 2015, o Moskva foi enviado para ajudar o regime de Bashar al-Assad na guerra na Síria, no Mediterrâneo oriental, para assegurar, segundo o Ministério da Defesa russo, a proteção da base russa de Hmeymim. Pouco depois, Vladimir Putin concedeu a toda a tripulação a ordem Nakhimov, em reconhecimento pela sua "coragem e determinação".

A partir da cidade de Sevastopol, que abriga a base da frota russa que está no Mar Negro, na península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014, o Moskva participou desde início na ofensiva lançada em 24 de fevereiro de 2022 por Vladimir Putin contra a Ucrânia.

Numa troca de mensagens de rádio que se tornou viral no início do conflito, os guardas fronteiriços ucranianos da pequena ilha das Serpentes responderam com palavrões ao ultimato feito pelos russos para que se rendessem. Pouco depois, o Moskva e outra embarcação bombardearam a ilha e tomaram como prisioneiros os militares ucranianos.

Quando o Moskva ainda levava o nome Slava, participou na Cúpula de Malta, que reuniu o dirigente soviético Mikhail Gorbachev com o presidente americano George Bush e ocorreu no navio Maxim Gorky em dezembro de 1989, pouco depois da queda do muro de Berlim.

O navio também participou na conferência para o desarmamento de Yalta, em agosto de 1990.

Várias autoridades estrangeiras subiram a bordo da embarcação. Em agosto de 2014, Putin recebeu com honras militares o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi e, numa visita à Itália, recebeu o então chefe de governo Silvio Berlusconi.

Segundo a agência de notícias russa Ria Novosti, foi alvo de reformas e modernizações duas vezes, a última das quais entre 2018 e 2020.