"A greve é para avançar, por tempo indeterminado", afirmou aos jornalistas o presidente do SIMM, Jorge Cordeiro, após o encontro conjunto das duas estruturas sindicais, realizado hoje à tarde em Aveiras de Cima, no distrito de Lisboa.
O SIMM já tinha anunciado que mantinha a greve, após um plenário realizado hoje de manhã em Leiria.
Enquanto vários associados gritavam “nem um passo atrás” no fim do plenário conjunto, o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, acrescentou que a greve só vai terminar quando os “valores que foram assumidos inicialmente e rejeitados posteriormente [pela Antram] voltarem a estar em cima da mesa”, reiterando que os sindicatos grevistas não vão aceitar nada menos do que os 900 euros de salário base já em janeiro de 2020.
“Tivemos hoje aqui uma associação patronal de pequenas e médias empresas [a União dos Transportadores Portugueses (UTP)], se empresas destas dimensões consideram que estão reunidas todas as condições para se assumir um contrato coletivo de trabalho tal e qual como nós estamos a apresentar à Antram, eu acho que não há aqui um motivo para a Antram não querer aceitar este contrato”, disse Francisco São Bento.
O representante do SNMMP afirmou não ter “qualquer dúvida” que os portugueses estão do lado dos motoristas e que por parte de várias classes profissionais e de vários sindicatos que as representam “há uma onde de indignação” em relação aos serviços mínimos decretados pelo Governo, por considerarem que esta situação “pode ser uma cobaia para futuras greves”, que, temem os sindicatos, só se poderão realizar nos moldes que o Governo definir.
À entrada para o plenário, o presidente do SIMM já tinha dito que lhe parecia “muito pouco provável” que houvesse um levantamento da greve.
Portugal está, a partir de hoje e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido à greve de motoristas.
À greve convocada pelo SNMMP e pelo SIMM associou-se o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
Os motoristas reivindicam que a associação patronal Antram cumpra o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100%, racionou os abastecimentos de combustíveis e declarou crise energética até às 23:59 de 21 de agosto, o que implica “medidas excecionais” para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.
Num parecer solicitado pelo Governo, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que o executivo “tem direito a fixar serviços mínimos indispensáveis” para satisfazer “necessidades sociais impreteríveis”.
(Artigo atualizado às 20:28 e corrigido às 19:39 — Retifica o autor das declarações, que foi Jorge Cordeiro, presidente do SIMM, e não o porta-voz, Anacleto Rodrigues, como se lia numa versão anterior deste texto)
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