Ao final da manhã, ainda antes da chegada das comitivas em representação dos Estados-membros "Amigos da Coesão" da União Europeia, a algumas dezenas de metros do “palco” da cimeira, a Pousada de S. Francisco, cerca de 100 integrantes do movimento cívico manifestaram-se para defender mais investimento do Governo.
Os manifestantes não puderam chegar junto da pousada, devido ao perímetro de segurança, mas os ministros do Planeamento, Nelson de Souza, e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, acompanhados pelo deputado socialista eleito por Beja, Pedro do Carmo, foram ao seu encontro.
O Beja Merece +, cuja maioria dos elementos se apresentou vestida de preto, com cartazes a defender a eletrificação da linha ferroviária entre Beja e Casa Branca, o aproveitamento do aeroporto de Beja e a melhoria das acessibilidades rodoviárias, transmitiu aos governantes as suas reivindicações, através de um dos seus porta-vozes, Florival Baiôa.
“O que nós trazemos aqui é a vontade do povo do Baixo Alentejo em contribuir decisivamente para o desenvolvimento do país em termos económicos”, mas “o que vimos desde há décadas por cá tem sido a falta de investimento público nesta região”, argumentou.
Aliás, segundo Florival Baiôa, a única exceção foi o Alqueva, que permitiu à região dar “um salto enorme em termos de produtividade, quer agrícola quer agroindustrial”.
Mas, com a melhoria de acessibilidades, como é o caso da estrada entre Sines-Beja-Vila Verde de Ficalho, ou seja, até à fronteira com Espanha, ou a eletrificação da ferrovia a partir de Beja, “daremos um salto enorme, com financiamentos que são extremamente pequenos”, afiançou.
Como exemplo, “esta parte do comboio Beja-Casa Branca não ultrapassa os 32 milhões de euros, financiados pela União Europeia. É evidente que isto, como disse um ministro na altura, são ‘peanuts’”, assinalou.
“Pagamos muito de impostos para o país e recebemos muito pouco ‘feedback’ desses impostos. Somos solidários com o país e é preciso que o Governo seja solidário com o Baixo Alentejo”, defendeu, lembrando que o movimento tem uma reunião marcada com o ministro Nelson de Sousa para dia 12 deste mês.
O ministro destacou que “as principais reivindicações deste distrito, desta região, estão contempladas nos planos” que o Governo tem “em cima da mesa, nomeadamente no Plano Nacional das Infraestruturas”, que já inclui “a eletrificação do troço [da ferrovia] entre Beja e Casa Branca”.
E a cimeira de hoje, em Beja, é para “tratar daquilo que neste momento é o essencial, que é assegurar que Portugal tenha os meios de fundos estruturais que a Europa” disponibiliza ao país “para executar todos os planos, todos os investimentos” de que Portugal necessita.
Além dos 17 Estados-membros do grupo, participam na Cimeira de Beja os comissários europeus do Orçamento, Johannes Hahn, e da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira.
Esta é a 3.ª cimeira dos países "Amigos da Coesão", depois de Bratislava e de Praga, e realiza-se a pouco mais de duas semanas da cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, prevista para dia 20 de fevereiro, convocada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
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