“Temos outros exemplos de obras desta magnitude que recuaram por pressão da população. Depois de avaliadas, veio à luz que eram nocivas para o ambiente”, disse à agência Lusa Humberto Silva, porta-voz do movimento “Diz Não ao Paredão”.
Este movimento mobilizou na manhã de hoje centenas de pessoas contra a obra durante uma marcha iniciada na Rotunda do Castelo do Queijo, no Porto, e terminada na praia de Matosinhos.
Trata-se da segunda iniciativa de protesto contra o projeto da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), depois de uma manifestação que em 07 de abril juntou 700 pessoas - números da organização - na praia de Matosinhos.
O Movimento "Diz Não ao Paredão" também já lançou uma petição pública que juntou mais de 6.200 assinaturas e pediu à Procuradoria-Geral da República para ponderar avançar com uma ação popular.
Questionado hoje sobre o envolvimento partidário na contestação ao prolongamento do quebra-mar, Humberto Silva declarou: “Cada vez temos mais apoio político, cada vez há mais formações políticas a unirem-se à causa e acho que [o movimento de protesto] está a crescer. Mas ainda faltam muitas forças políticas”.
Na terça-feira, o PSD de Matosinhos acusou a APDL de “pugnar pelo regresso do lápis azul” ao pedir a remoção de um ‘outdoor’ em que o partido contesta as obras no Porto de Leixões.
Em comunicado, o PSD explicou que no início deste mês colocou um ‘outdoor’ na marginal de Matosinhos, no distrito do Porto, em zona urbana e ao lado de dezenas de prédios, estabelecimentos comerciais e paragem de autocarro para turistas, “onde não prejudicava ninguém” com a mensagem “Não ao Quebra-Mar, sem garantias para o futuro de Matosinhos”.
As empreitadas em causa, no âmbito da “Estratégia para o Aumento da Competitividade da Rede de Portos Comerciais do Continente - Horizonte 2026", envolvem o prolongamento do quebra-mar exterior em 300 metros, aprofundamento do canal de entrada, anteporto e bacia de rotação, a criação do novo terminal no Molhe Sul e a melhoria das condições de operação do porto de pesca.
O movimento “Diz Não ao Paredão” cita um estudo de impacto ambiental que refere a zona sul da praia de Matosinhos como a mais exposta ao fenómeno de erosão costeira, mas assinala que não há estudos para os impactos nas praias adjacentes, como é o caso da Foz do Douro, já no município do Porto.
Esta marcha “quer dizer não à poluição da água, à erosão costeira, ao progresso em detrimento das praias e da qualidade de vida de todos os seus utilizadores, ao fim dos desportos de ondas e do valor turístico e urbano de uma cidade histórica”, frisou.
Em fevereiro, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, anunciou um investimento de cerca de 217 milhões de euros, dos quais 147 milhões são investimento público, até 2023 no porto de Leixões para aumentar a sua competitividade portuária.
Contudo, têm surgido várias críticas de partidos políticos, autarcas e surfistas.
Em março, a Câmara Municipal de Matosinhos aprovou um documento em que defende que as obras em Leixões não devem ser adjudicadas enquanto não forem apresentados o projeto global e a avaliação de impacto ambiental. Contudo, a Assembleia Municipal rejeitou com os votos contra do PS e PCP uma proposta a solicitar a suspensão do concurso.
A APDL, por seu lado, garante que o prolongamento do quebra-mar "não vai acabar com as ondas nem com o surf, nem vai transformar a praia num lago".
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