“Se será desta vez que o problema se resolve? Eu acho que não, porque continuam a atirar-nos areia para os olhos e a fazerem disto, à custa das crianças, um jogo político”, disse Filipa Bexiga, a representante do movimento.
O movimento cívico “Unidos pelas crianças” nasceu após o fecho do serviço de urgências pediátricas na Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL), que começou por encerrar ao exterior no período noturno ao fim de semana, em 01 de março.
Desde 01 de junho, as urgências estão fechadas todos os dias entre as 20:00 e as 09:00.
No decorrer da audição na comissão da Saúde, presidida pela deputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias, Filipa Bexiga apresentou um histórico do movimento que criou uma petição, com 13.000 assinaturas, a exigir a reabertura do serviço pediátrico.
No decorrer da audição, Filipa Bexiga evocou a lei e os direitos das crianças para “exigir a reabertura do serviço durante 24 horas” e para afirmar que “os cidadãos de Viseu e da região têm os mesmos direitos dos de Lisboa, Porto e grandes cidades”.
Na comissão estiveram presentes a deputada do Partido Social Democrático (PSD) Isabel Fernandes, que disse que “o problema já vinha de trás, não apareceu de repente, no dia em que encerraram o serviço”.
O deputado do Partido Socialista (PS) José Rui Cruz lembrou que “o Governo já assumiu funções há sete meses e o problema continua, nada fez” e que, na altura, “houve até arrufos com o senhor ministro”, por discordarem com o encerramento do serviço.
Pelo Chega, o terceiro partido eleito pelo círculo eleitoral de Viseu para a Assembleia da República, Bernardo Pessanha reforçou os “sete meses sem resposta” e “três meses desde que o Chega foi ouvido pelo anterior conselho de administração e nada foi resolvido”.
Em resposta às questões levantadas pelos deputados, Filipa Bexiga disse que “a senhora ministra surge sempre quando há algum movimento popular” e lembrou a “visita rápida” ao hospital de Viseu para reunir com o anterior conselho de administração, “depois da manifestação” do movimento, em junho.
“E agora foi depois da reportagem do passado domingo, que veio dizer que as coisas se iam resolver em duas a três semanas. Vamos aguardar serenamente, mas sem nenhuma expectativa”, admitiu Filipa Bexiga.
Questionado pelos deputados sobre o plano ativado pela ULSVDL, a representante disse que “não teve qualquer efeito prático, nenhum, pelo contrário, houve confusão, houve crianças que foram direcionadas para o Hospital de Coimbra”.
“Infelizmente, uma delas pequenina, bebé, chegou a falecer. E há outros casos graves que tivemos conhecimento”, apontou Filipa Bexiga, que lembrou que “os hospitais privados em Viseu “não têm serviço de urgência noturno”.
A presidente da comissão, Marisa Matias, manifestou ainda a sua “total solidariedade para com a população” da região abrangida pela ULSVDL, que chega a praticamente meio milhão de habitantes.
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