O encontro aconteceu dias depois de os protestos terem posto fim aos 30 anos de governação de Bashir e, logo de seguida, à remoção do general Awad ibn Ouf do seu cargo como líder militar interino por também não ser aceite como líder legítimo.

O movimento político constituiu uma delegação de 10 elementos para apresentar o que disse serem “as exigências do povo” ao conselho militar, reiterando a sua rejeição do exercício do poder pelo exército.

O secretário-geral do Partido Baath Socialista Árabe no Sudão, Ali al-Sanhouri, disse, em conferência de imprensa, que está a ser feito um apelo à criação de vários órgãos de soberania civil que governem o país durante a transição.

Também hoje, o conselho militar de transição anunciou os 10 membros que o irão compor, incluindo o líder das Forças de Apoio Rápido, Mohamed Hamdan Daqlo, como vice-presidente.

Os manifestantes já declararam que se vão manter nas ruas até que um conselho de transição civil seja formado, embora temam que o exército, dominado por seguidores do antigo presidente, permaneça no poder indefinidamente.

Por seu lado, o general Abdel-Fattah Burhan, que sucedeu a ibn Ouf, disse que foram convidadas figuras de “todos os espetros” do povo sudanês para dialogar.

Burhan indicou, numa transmissão televisiva, que iria levantar o recolher obrigatório imposto desde quinta-feira e autorizou a libertação imediata de todos os detidos e julgados durante a vaga de protestos que começou em dezembro.

No entanto, ativistas disseram hoje que 16 pessoas, incluindo um soldado, foram mortas nos dois dias desde a saída de Bashir.

O conselho militar que dirige o Sudão anunciou também hoje a demissão do chefe dos serviços de informações sudaneses, NISS, principal agente de repressão da contestação no país.

Os protestos foram desencadeados no final do ano passado devido a aumentos de preços e escassez de produtos, e rapidamente tomaram a dimensão de uma revolta semelhante às “Primaveras Árabes” contra Bashir, que tomou o poder num golpe de estado em 1989.

Omar al-Bashir é procurado pelo Tribunal Penal Internacional por acusações de genocídio no Darfur, na década passada.