A manifestação anti-islâmica, ocorrida no exterior da embaixada iraniana em Estocolmo e autorizada pelas autoridades, foi interrompida quando a mulher detida correu até um ativista, identificado como Salwan Momika, cobrindo-o com o pó branco do extintor antes de ser intercetada por agentes policiais à paisana, segundo imagens captadas no local e divulgadas pelas agências estrangeiras.

Momika, que parecia atordoado, mas ileso, retomou a manifestação e acabou por queimar o livro sagrado na companhia de outro ativista.

A porta-voz da polícia de Estocolmo, Towe Hägg, disse que a mulher, que não foi identificada, foi detida sob suspeita de perturbar a ordem pública e por violência contra um agente.

Momika, refugiado do Iraque, já profanou o Corão numa série de protestos anti-islâmicos que causaram revolta em muitos países muçulmanos.

A polícia sueca permitiu as suas manifestações, invocando a liberdade de expressão, mas Momika enfrenta acusações preliminares de discurso de ódio.

Os procuradores suecos estão a determinar se as ações de Momika são de facto permitidas à luz da lei, que também proíbe a incitação ao ódio contra grupos ou indivíduos com base em raça, religião ou orientação sexual.

Momika diz que os seus protestos visam a religião do Islão, não os muçulmanos.

A profanação e a queima de cópias do Corão ocorridas recentemente na Suécia provocaram grandes manifestações no Iémen ou no Iraque, onde a embaixada sueca foi incendiada e os funcionários repatriados temporariamente.

Vários Governos de países de maioria muçulmana alertaram que permitir estes atos de profanação pode prejudicar as relações diplomáticas.

As autoridades suecas também confirmaram, na semana passada, uma tentativa frustrada de ataque à sua embaixada no Líbano, quando um desconhecido atirou um objeto semelhante a um ‘cocktail molotov’ contra a entrada da missão, mas ninguém ficou ferido.

Tanto o Governo da Suécia quanto o da Dinamarca, onde também houve recentemente a profanação e queima do livro sagrado muçulmano, anunciaram há semanas que estudam a possibilidade de limitar estes atos ou proibir que sejam realizados diante de embaixadas estrangeiras, proposta que recebeu críticas das oposições políticas em ambos os países.

A Dinamarca e a Suécia reforçaram os controlos de fronteira este mês por considerarem que há uma ameaça terrorista crescente.

Na quinta-feira, a Suécia elevou o alerta para terrorismo do nível três para quatro numa escala de cinco, anunciou o Serviço de Segurança Sueco (Säpo).

“Decidi hoje elevar o nível da ameaça terrorista de um nível elevado (3) para um nível crítico (4)”, disse, na quinta-feira, a responsável pelos serviços de informações da Suécia, Charlotte von Essen, numa conferência de imprensa.

“Constatamos que a situação em relação à ameaça de um ataque contra a Suécia piorou e que esta ameaça vai persistir por muito tempo”, afirmou na mesma ocasião a responsável do Säpo.

A decisão não se concentra num facto “único”, sublinhou Von Essen, mas numa estimativa “estratégica e de longo prazo”, na qual a Suécia passou de alvo “legítimo” a “prioritário” para o terrorismo.

O organismo sueco também referiu que o alerta foi elevado devido ao agravamento da segurança relacionado com a guerra em curso na Ucrânia e a ameaça de grupos de extrema-direita.