“As mulheres acima dos 50 anos têm este rastreio pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, através do Serviço Nacional de Saúde, mas quem tem menos de 50 anos? Portanto, aquilo que queremos aqui é ir, neste caso muito em particular, para além do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD).
Na cerimónia de assinatura do protocolo, o autarca justificou a decisão de disponibilizar rastreios mamários gratuitos a todas as mulheres residentes em Lisboa, independentemente da idade, com o facto de a incidência do cancro em pessoas abaixo dos 50 anos ter aumentado em 80% nos últimos 30 anos.
“Aumentou brutalmente nas mulheres mais jovens”, reforçou.
Neste sentido, o município de Lisboa quer que todas as mulheres possam, “sem burocracia e com facilidade”, beneficiar deste exame médico, dirigindo-se aos Serviços Sociais do município, nas Olaias, que dispõe de uma máquina de rastreio dada pela Fundação Champalimaud.
Quanto à data de arranque do programa de rastreio do cancro da mama gratuito para mulheres, Carlos Moedas disse que, “seguramente, até antes do final do ano” estará disponível.
No âmbito da assinatura do protocolo, o presidente da câmara reiterou o objetivo do município de trabalhar “em prol da construção de um estado social local”, destacando a implementação do plano de saúde Lisboa 65+ para apoiar os idosos da cidade, que conta já com 12.000 inscritos e disponibiliza serviços em complemento ao Serviço Nacional de Saúde.
O social-democrata realçou ainda o investimento do município na construção de centros de saúde, com 10 milhões de euros durante este ano, mas alertou para a falta de profissionais de saúde, dando como exemplo Marvila: “Temos um centro de saúde topo de gama, mas depois as pessoas estão lá e não há médico”.
“Temos aqui que ter um trabalho conjunto entre o estado central, entre o estado local, mas também com os privados, com as fundações, e é assim que podemos melhorar o nosso país e o estado de saúde dos nossos serviços de saúde, que têm que ser feitos em conjunto por todos”, defendeu.
Avisando que o reparo “não é político”, Carlos Moedas reforçou que existe um problema na saúde em Portugal, em que na região de Lisboa “quase um milhão de pessoas não têm médico de família” e no município de Lisboa “são quase 100 mil que não têm médico de família”.
“Não estou a apontar o dedo a ninguém. Aquilo que quero é ajudar a resolver”, frisou o presidente da câmara, sublinhando o papel do município em completar a resposta do Serviço Nacional de Saúde.
O anúncio de rastreios mamários gratuitos para as mulheres de Lisboa foi feito em julho, através de um comunicado da câmara que referia que “este é o primeiro de vários serviços de saúde que Carlos Moedas está a negociar com a Fundação Champalimaud”.
Citado nesse comunicado, o autarca referiu que “os serviços públicos de saúde têm vindo a falhar nos últimos anos”.
“Enquanto presidente da maior câmara do país não posso ficar indiferente e nada fazer. O acordo que consegui alcançar com a Fundação Champalimaud é uma resposta à falta de resposta dos serviços públicos de saúde”, salientou.
De acordo com dados da Liga Portuguesa Contra o Cancro, em Portugal são detetados anualmente cerca de sete mil novos casos e 1.800 mulheres morrem todos os anos vítimas desta doença.
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