Na segunda parte da entrevista à TVI/CNN, divulgada esta segunda-feira, o Papa Francisco começou por falar sobre a sua experiência em Fátima, ao sublinhar que foi educado pela família “na devoção de Maria”.
“Eu sou Mariano, gosto muito da Virgem, mas em Fátima senti outra coisa. Fátima deixou-me mudo. Fátima é a Virgem do silêncio para mim. E, para mim, Portugal é Fátima. Que não se zanguem os portugueses, mas é a minha experiência”, apontou.
Francisco referiu também que a sua forma de rezar não mudou desde que é Papa. "Rezar é estar na presença de Deus e deixar que Ele fale", lembrou.
Questionado sobre o papel das mulheres na Igreja, referiu que a escolha de três mulheres para o Dicastério dos Bispos, é “um ato de justiça”, salientando que "a Igreja é mulher".
"É a esposa de Cristo. E na administração normal da igreja faltavam as mulheres", realçou.
“Os relatórios mais maduros que eu recebia para conferir a ordenação como sacerdotes aos seminaristas eram elaborados por mulheres dos bairros onde eles iam trabalhar na paróquia. E, além disso, a mulher está encarregada de conduzir a maternalidade da Igreja", começou por dizer.
"Portanto, para eleger bispos é bom que haja mulheres que pensem como têm de ser os bispos. Ou seja, a entrada das mulheres não é uma moda feminista, é um ato de justiça que, culturalmente, tinha sido posto de lado”, apontou o Papa.
“‘Queres fazer algo pela Igreja? Torna-te freira.’ Não. Pode ser leiga. Uma leiga que esteja a trabalhar. E cá, no Vaticano, estão só homens? Não. Aqui todos os batizados têm lugar. Isto é algo que não inventei, já vem dos últimos 20, 30 anos e que lentamente se vai implementando”, exemplificou ainda.
O Papa Francisco lembrou ainda que há três anos nomeou cinco mulheres para o Conselho de Economia do Vaticano. “E começou a funcionar melhor", garantiu.
"Porque a mulher sabe administrar noutro tipo de coisas. A mulher tem uma maneira de executar as coisas diferente da nossa porque raciocina de outra maneira. Tem maternalidade, que é diferente”, apontou.
Um Papa com bom humor — e uma rotina atarefada
Questionado sobre o seu sentido de humor, Francisco recordou que reza, "há mais de 40 anos", a oração do bom humor de S. Thomas More.
"Rezo essa oração. Peço essa graça, o sentido de humor. Uma oração que começa: 'Dá-me, Senhor, uma boa digestão e também algo para digerir'. E continua assim. Copiei essa oração para a minha exortação apostólica 'Exsultate, Jubilate', na nota 101. Se alguém a quiser ver, está lá", apontou.
Quanto ao seu dia a dia, Francisco afirmou que é muito "organizado". "Levanto-me cedo, às quatro da manhã, mas às dez da noite já estou a dormir", acentuou.
"Acordo sem querer. Sou como as galinhas", disse entre risos. "Levanto-me às quatro, faço as minhas orações. Às vezes celebro a missa a essa hora ou quando não tenho mais tarde. Depois começa o trabalho. Deito-me às nove da noite, às dez apago a luz. Durmo seis horas", especificou.
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