“Estamos a viver um tempo muito complicado, porque se junta à procura nacional a procura externa […]. Cada vez há mais estrangeiros a procurar Portugal e, neste momento, há uma incapacidade em Oeiras, pelo menos, existe uma incapacidade quase total de responder à procura que se faz sentir: uma casa hoje vende-se em 24 horas”, afirmou à Lusa o presidente da Câmara, Isaltino Morais.
De acordo com o autarca, é preciso investir em construção nova para responder à “falta de casas na Área Metropolitana de Lisboa [AML], independentemente da procura gerada pelo turismo, pelo alojamento local”, já que nos últimos cinco anos não se construíram novas habitações.
“Desde o início do século XX até aos dias de hoje, nunca se conheceu um período de tão elevada especulação imobiliária. As casas sobem todos os dias, existem poucos empreendimentos - dois ou três - em construção e no espaço de um mês aumentam 20% o valor das casas, isto porque a procura excede de longe a oferta”, referiu Isaltino Morais, perspetivando um equilíbrio dentro de dois ou três anos, uma vez que o ritmo de entrada de pedidos para construção acelerou desde 2016.
Até que possa haver um equilíbrio no mercado imobiliário, “o preço das casas vai continuar a subir, seja ao nível da venda, seja ao nível do arrendamento, tornando-se absolutamente incomportável para os rendimentos médios das famílias portuguesas”, apontou o presidente da Câmara de Oeiras.
Registando também um aumento do valor das casas, o município da Amadora verifica um retomar dos processos de construção de urbanizações que já estavam aprovados, mas que se encontravam parados com lotes ainda por edificar, avançou a presidente do município, Carla Tavares.
“Sente-se que o nível de vida [dos portugueses] está a melhorar e isso fez também com que, ao nível dos empreendimentos e do arrendamento, o mercado ganhasse uma nova dinâmica”, declarou, referindo que hoje o valor de um imóvel T4 para arrendamento no concelho ronda os 900 euros por mês, já que houve um aumento de cerca de 100 euros.
Para aquisição, indicou, o preço encontra-se na ordem dos 250 mil euros, quando antes custava cerca de 200 mil euros.
Sem dados que permitam associar a procura de habitação na Amadora com a dinâmica que se vive em Lisboa, Carla Tavares revelou que, “entre trabalhadores e pessoas em idade ativa, mais de 50% têm os movimentos pendulares diários para a cidade de Lisboa”, destacando-se assim as “boas acessibilidades” neste concelho periférico da capital.
Uma vez que a Amadora é o município mais pequeno da AML, com apenas 24 quilómetros quadrados, “já não há muito mais por onde expandir”, em termos de nova construção para habitação, disse a autarca.
O território, sublinhou, já se encontra “densamente povoado”, com cerca de 176 mil habitantes, pelo que importa agora “qualificar e regenerar zonas no território que tenham capacidade para atrair investimento para a cidade”.
Com um dinamismo semelhante, Odivelas tem sido “um polo constante de fixação de famílias”, afirmou à Lusa a vereadora da Habitação, Susana Santos, justificando o crescimento da procura com a centralidade geográfica na AML, as boas acessibilidades, a existência de muitos serviços públicos e de urbanizações “de qualidade”, o investimento na educação e os índices de segurança acima da média da AML.
“Obviamente que o aumento da procura induz sempre uma pressão sobre os preços”, adiantou Susana Santos, avançando que “nos últimos três anos houve uma subida média do preço das casas de 12%, que é ligeiramente acima da média da AML”.
Considerando “inegável” a atratividade do concelho de Odivelas, a vereadora referiu que os investimentos no setor da habitação têm subido em resposta à procura, “nalguns casos são licenciamentos que tiveram parados nos anos da crise e outros são nova construção”.
De acordo com a autarca, uma das preocupações do município de Odivelas tem a ver com a “escassez da oferta de arrendamento, que é sempre, historicamente, um mercado menos dinâmico do que o da aquisição, principalmente em períodos de maior dinâmica de construção”.
Comentários