Promessa de campanha do então candidato republicano, o muro na fronteira com o México tem sido objeto de muitas batalhas, tanto no Congresso quanto nos tribunais.

A promessa

"Vou construir o maior muro que já se viu, será um muro de Trump, um muro lindo", disse o bilionário durante a campanha presidencial de 2016.

A barreira, que se estenderia ao longo de 3.200 km da fronteira com o México, tem o objetivo, segundo Trump, de proteger o país da chegada de imigrantes ilegais, requerentes de asilo, criminosos e narcotraficantes.

Assim, o Presidente norte-americano assinou um decreto presidencial que lançou o projeto em 25 de janeiro de 2017.

Difícil de financiar

Segundo várias estimativas, a construção deste muro poderá custar até 20 mil milhões de dólares.

Em agosto de 2016, Trump afirmou que o México "pagará o muro a 100%", mesmo que os mexicanos "ainda não o saibam".

Já em agosto de 2017, disse que o México "pagará em forma de reembolso" ou por algum outro meio, sem especificar.

Em dezembro de 2018, continuou a afirmar que o México pagaria no âmbito das negociações de um acordo comercial.

Ao mesmo tempo, o Presidente recorreu ao Congresso para obter um orçamento de 5,7 mil milhões de dólares para a construção.

Quando o Congresso recusou dar os fundos, Donald Trump afirmou que os militares construiriam os segmentos restantes do muro.

Finalmente, Trump assinou um "decreto de emergência nacional" em fevereiro de 2019 para evitar o Congresso e libertar 6,7 mil milhões de dólares em fundos federais.

Com isto, pretende usar 3,6 mil milhões de dólares para a construção de instalações militares e 2,5 mil milhões de dólares para a luta contra o narcotráfico.

Para o orçamento de 2020, o Governo americano planeia reivindicar 8,6 mil milhões de dólares.

Limitado pelas apelações

A construção do muro deu lugar a batalhas políticas entre a Administração republicana e a oposição democrata - que recuperou o controlo da Câmara dos Representantes depois das eleições de novembro de 2018 -, assim como os recursos judiciais.

O confronto entre Trump e o Congresso provocou 35 dias de paralisação parcial do Governo federal (o chamado "shutdown") no período 2018-2019, atingido um recorde.

Por fim, Trump teve de se contentar com um orçamento de 1,4 mil milhões de dólares para fortalecer o muro em 88 km. Depois, decidiu ativar os poderes extraordinários conferidos pelo decreto de "emergência nacional".

Mas este decreto foi invalidado em março, mediante uma resolução do Congresso, num novo voto de desconfiança para Trump, que viu 12 senadores republicanos aliados com os democratas. Isto obrigou-o a usar, pela primeira vez na sua presidência, o poder de veto para desbloquear os fundos.

Em maio de 2019, um juiz da Califórnia bloqueou temporariamente o decreto presidencial, então Trump dirigiu-se ao Supremo Tribunal, que nesta sexta decidiu permitir o Governo usar 2,5 mil milhões de dólares do orçamento do Pentágono.

Em 2017, o procurador-geral do estado da Califórnia, um reduto democrata que se opunha à política migratória de Trump, apresentou uma ação contra a construção de partes do muro nos condados fronteiriços de San Diego e Imperial, mas acabou por ser desconsiderada por um juiz federal.

Geometria variável

Cerca de um terço da fronteira já está protegida por um muro, cercas ou arame farpado, além de outros elementos, como o Rio Grande, que forma uma fronteira natural entre os Estados Unidos e México.

Inicialmente feito em cimento reforçado, o projeto agora é de uma parede de aço "com aberturas" ou estacas de aço, contando ainda com uma "parede solar" para gerar energia.

Oito protótipos de tamanho real com até nove metros de altura e largura foram construídos perto de San Diego, Califórnia.

Em fevereiro, o assessor de políticas da Casa Branca, Stephen Miller, disse que o muro estava em construção ao longo de 200 km.