O processo tem como arguidos quatro alunos daquela universidade, acusados de homicídio por negligência, por terem ido para cima do muro festejar a vitória numa "guerra de cursos".
O muro caiu e matou três estudantes que estavam em baixo. Segundo o despacho instrutório, a pressão exercida pelos quatro alunos foi a "causa direta" do colapso do muro.
Hoje, durante o julgamento, outros estudantes que participaram naquela "guerra de cursos" testemunharam que o muro "parecia estável e normal" e que nunca lhes "passou pela cabeça" que pudesse cair.
Um deles disse mesmo que já chegou a estar sentado encostado ao muro.
As testemunhas disseram ainda que aquele era "um sítio normal de praxe" e que chegaram a ver muitas vezes outras pessoas em cima do muro.
Garantiram que, no local, não havia qualquer sinalização a alertar para eventuais perigos de queda do muro.
O muro era uma estrutura que durante anos servira para acolher as caixas de correio de um prédio ali existente.
Inicialmente, o Ministério Público tinha também acusado um fiscal e um engenheiro da Câmara de Braga e o responsável de uma empresa de condomínios, mas a juíza de instrução decidiu não os levar a julgamento.
Na altura, a juíza admitiu que, de alguma forma, os três beneficiaram do desaparecimento, na Câmara de Braga, do processo físico relativo àquele local.
Ficou, assim, por saber qual foi o teor completo da troca de correspondência entre a Câmara e o administrador do condomínio sobre a alegada falta de segurança do muro e que diligências foram feitas de parte a parte.
Para o advogado das famílias das vítimas, João Noronha de Carvalho, aquele processo seria "esclarecedor" em relação ao que se passou.
"Vamos acionar civilmente a câmara e o condomínio", acrescentou.
O caso remonta a 23 de abril de 2014, em Braga, quando, num contexto de "guerra de cursos", quatro alunos treparam a uma estrutura composta por alvenaria de tijolo e betão, com cerca de um metro e meio de altura e quatro metros de comprimento.
Segundo a acusação, aqueles quatro alunos permaneceram em cima do muro a "cantar e a saltar".
As testemunhas hoje ouvidas não confirmaram os saltos, dizendo apenas que viram os colegas a cantar e a bater palmas.
Estes testemunhos vão de encontro aos depoimentos dos arguidos, que alegaram ainda que o muro ruiu "em poucos segundos".
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