Paula Silva revelou a medida à agência Lusa e à Antena 1, à margem da conferência "Património Cultural Desafios XXI", que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, quando questionada sobre a greve iniciada hoje pelos funcionários do Mosteiro dos Jerónimos, Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e Torre de Belém.
"Estamos a tomar medidas que contrariam e tentam resolver muitas das questões que são colocadas nesta greve, mas são demoradas a implementar", disse a diretora-geral.
Os funcionários daqueles três espaços culturais encetaram quatro dias de greve - que afeta sobretudo a hora de abertura - em protesto pela falta de condições de trabalho, nomeadamente exaustão, falta de limpeza e de condições sanitárias, atrasos no pagamento de trabalho suplementar, impedimento de dias de gozo de descanso e alteração de período de férias.
Paula Silva explicou que alguns destes funcionários, que trabalham como assistentes de bilheteira, poderão ter outras funções depois da entrada em funcionamento da bilhética automática: "Estamos a fazer uma mudança de pensamento e espero bem que os trabalhadores fiquem menos sobrecarregados de trabalho, porque não é isso que queremos".
A partir de novembro, estarão a funcionar as bilheteiras automáticas no Mosteiro dos Jerónimos e no Museu Nacional de Arqueologia e, posteriormente, na Torre de Belém, nos mosteiros da Batalha e de Alcobaça, e no Convento de Cristo, em Tomar.
"Isto é uma medida que estamos a tomar e que eu considero das mais importantes que estamos a implementar. É para ser alargada a todos os museus, palácios e monumentos da Direção-Geral do Património Cultural. Esta é a experiência-piloto, mas também a mais importante, porque é onde circula mais dinheiro", disse a diretora-geral.
No caso de Lisboa, serão colocadas cinco máquinas de venda de bilhetes na entrada do MNA e que se destinam também ao Mosteiro dos Jerónimos, já que partilham espaços na zona de Belém.
"Essa bilhética vai permitir que alguns funcionários passem a poder estar na vigilância, porque a pressão da compra de bilhetes é enorme com aquelas filas imensas de pessoas. Já temos máquinas compradas para alargar a um conjunto grande de monumentos, incluindo a Torre de Belém", disse.
Questionada sobre a possibilidade de contratação de mais assistentes técnicos para a DGPC, Paula Silva remeteu o assunto para a tutela da Cultura: "A nova senhora ministra [Graça Fonseca] tem isso na sua agenda como um dos pontos mais importantes e provavelmente irá dar informação muito proximamente sobre esse assunto. A questão de colocarmos a bilhética vai alterar bastante essa situação".
Outra das razões da paralisação dos trabalhadores relaciona-se com falta de condições sanitárias, com a presença de ratos nas instalações, um caso que Paula Silva circunscreveu à Torre de Belém, "um monumento muito pequeno situado dentro do rio, que tem alguns constrangimentos de animais que circulam e é muito difícil de controlar".
Segundo a responsável, a DGPC tem um "contrato com uma empresa e tem feito regularmente as desinfestações, e por vezes é preciso fazer desinfestações extra".
De acordo com o relatório de atividades de 2017 da DGPC, no ano passado, o Mosteiro dos Jerónimos recebeu mais de um milhão de visitantes (1.080.902), enquanto o Museu Nacional de Arqueologia - que funciona numa das alas deste mosteiro - contou com 167.634 entradas.
Em 2017, a Torre de Belém teve 575.875 visitantes.
Paula Silva falava no primeiro dia da conferência de dois dias "Património Cultural Desafios XXI", organizada pela DGPC, e que considera "um momento alto do Ano Europeu do Património Cultural", com a presença de vários estudiosos, especialistas e personalidades ligadas ao património.
"O Ano Europeu do Património Cultural é um momento marcante em que a Europa decide falar de Património, mas deverá ser o primeiro ano em que a Cultura é posta como um dos pilares de desenvolvimento da Europa e o reconhecimento da identidade europeia e isso é muitíssimo importante e tem que ser falado e discutido", disse.
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