“É, pois, chegada a hora de renovar o PSD, de reformar a política e de liderar o crescimento sustentável em Portugal. Considero que sou o militante que está em melhores condições de protagonizar esse desígnio”, afirmou o candidato, na apresentação que decorreu num espaço em Monsanto (Lisboa), e que contou apenas com a presença como convidados da mulher, do filho mais velho e de “um amigo há mais de 30 anos”, Miguel Goulão.

O antigo vice-presidente do PSD anunciou cinco compromissos para a sua candidatura, sendo o primeiro “atualizar as linhas programáticas do PSD e clarificar natureza do relacionamento com os outros partidos”.

Moreira da Silva recorda que alertou, “em tempo útil, de forma praticamente isolada”, para “os riscos de ambiguidade na relação com o Chega”, ao pedir um Congresso extraordinário quando o PSD fez um acordo com este partido nos Açores.

“O resultado das eleições legislativas confirma que tinha razão. Lamento que, em 2020, muitos tenham ficado convenientemente calados e, ainda pior, venham agora definir o PSD como ‘a casa comum dos não socialistas’”, afirmou, num ‘recado’ para o adversário interno Luís Montenegro, que na apresentação da candidatura disse querer fazer do PSD a casa-mãe do espaço não socialista.

“Comigo, não. Na casa do PSD não cabem racistas, xenófobos e populistas”, afirmou, assegurando que não admitirá “em qualquer circunstância dialogar e negociar com forças populistas e extremistas”.

Quanto às diferenças para com o PS, defende que “mais do que uma estéril e obsoleta discussão sobre o posicionamento do PSD como um partido de centro ou um partido de direita, é fundamental, num contexto em que o país tem sido liderado por forças conformistas, posicionar o PSD como o espaço amplo que une todos os reformistas e que agrega social-democratas e liberais-sociais”.

“Que se distingue do PS, pela vocação reformista, pela valorização da iniciativa privada, pelo reconhecimento do mérito, pela defesa de um Estado - transparente e eficiente - que sirva os cidadãos e que tenha uma dimensão compatível com o nível de impostos que é aceitável cobrar e com os limites da sustentabilidade da dívida”, afirmou.

E, por outro lado, que se distingue de outros partidos à direita com representação parlamentar “por não ser um partido de nicho, com reservas quanto ao combate às alterações climáticas e ao papel essencial do Estado na provisão de serviços universais na saúde e na educação”.

Na fase de perguntas, o candidato voltou a ser taxativo sobre uma eventual relação com o partido liderado por André Ventura, quer na oposição quer numa eventual solução governativa.

“Não vou perder muito tempo com o Chega, vou perder o tempo suficiente com as pessoas que votaram ao engano no Chega. Comigo, nunca, jamais, em tempo algum, é uma linha vermelha”, reiterou.

Para o antigo ministro, esta clarificação pode ser benéfica para o PSD em termos eleitorais, já que quem vota ao centro sabe que não haverá risco de diálogo com o Chega, enquanto os eleitores deste partido ficam conscientes de que o seu voto apenas servirá como protesto.

“Se quiserem uma alternativa ao PS, terão mesmo de votar em nós”, realçou.

Moreira da Silva quer ainda atualizar as linhas programáticas do PSD, aprovadas em 2012, comprometendo-se - se vencer as diretas - com um Congresso para esse efeito e de revisão estatutária dentro de um ano.

“O mundo mudou e os partidos políticos portugueses não se atualizaram”, lamentou.

Como segundo dos cinco compromissos que lançou hoje, apontou a modernização do próprio PSD, “tornando-o um partido-movimento orientado por causas”.

“Seremos o partido de referência na qualificação dos nossos representantes, instituindo, em parceria com instituições nacionais e internacionais, programas de formação em liderança de políticas públicas cuja frequência será obrigatória para todos os candidatos a eleições autárquicas, legislativas e europeias”, avançou.

Neste capítulo, Moreira da Silva comprometeu-se a aumentar significativamente o número de militantes, dar-lhes mais poder e novas formas de participação.

“Adotaremos um código de conduta aplicável a todos os militantes e eleitos do PSD. E iremos mais longe na igualdade e na não discriminação de género, assumindo o objetivo de paridade entre homens e mulheres nos órgãos políticos internos e nas eleições autárquicas, europeias e legislativas”, disse.

Os restantes três objetivos da candidatura passam pela construção de uma “oposição enérgica, inconformista, criativa e reformista”, pela união do PSD e por “liderar uma vaga de reformas capaz de reconquistar o nosso direito ao futuro”.