Um movimento de pânico apoderou-se esta segunda-feira, 5 de fevereiro, dos investidores em Wall Street, onde o índice mais emblemático da praça financeira afundou, depois de vários meses de euforia bolsista reivindicada pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
E sendo Trump uma presença assídua na rede social Twitter, houve quem acreditasse num suposto ‘tweet’ — mensagem curta partilhada naquela plataforma — escrito pelo agora presidente norte-americano em 2015. No alegado ‘tweet’, Donald Trump dizia que qualquer presidente devia ser “posto num canhão e atirado para o sol a uma VELOCIDADE TREMENDA! [sic]”, caso o “Dow Joans [sic] caia mais de 1.000 pontos num dia”.
A mensagem — falsa — foi divulgada na mesma rede por um outro utilizador, Shaun Usher, um blogger do Reino Unido. E em menos de uma hora foi partilhada mais de 4.300 vezes, segundo a Business Insider. Por volta das 12:30 desta terça-feira, a mensagem fora já partilhada mais de 20 mil vezes.
Cedo o britânico disse que não estava à espera de que alguém acreditasse na imagem, que mostra uma mensagem com a assinatura de Donald Trump naquela rede social. "Nem por um segundo pensei que as pessoas iam acreditar que isto era genuíno", escreveu Shaun no Twitter.
O ‘tweet’ dava relevo à aparente incoerência de Donald Trump. Não seria a primeira vez que mensagens antigas do presidente norte-americano era usadas para o criticar. Contudo, este não é o caso. Porque Trump nunca escreveu a mensagem divulgada por Shaun Usher.
Depois de a imagem ganhar dimensão naquela rede social, Usher apressou-se a esclarecer que a mensagem fora criada por ele e não pelo presidente norte-americano. Todavia, não apagou a publicação, defendendo que ao fazê-lo podia piorar a situação — embora várias pessoas o critiquem nos comentários por manter na página uma informação falsa.
"Muitas pessoas perguntam porque não retirei a imagem", escreve Shaun. "Literalmente minutos após a publicar, tinha pernas. Estava em todo o lado em cerca de 10 minutos. Perdi o controlo dela num instante. Apagar a minha publicação — o seu lugar de nascimento — pareceu-me errado e talvez mais perigoso?", conclui o blogger britânico.
Numa série de ‘tweets’ subsequentes, o britânico aproveitou para fazer publicidade ao livro de cartas que editou, para fazer piadas com a situação e para esclarecer e reforçar que a mensagem é falsa e que não a apagará. Diz também ter sido contactado por meios como o ‘Washington Post’ e a plataforma de verificação de informações Snopes.
E para pedir aconselhamento judicial à assistente virtual Siri:
"Siri, posso ser preso por fazer um 'tweet' falso?"
Trump costuma felicitar-se, no Twitter e nos seus discursos, pelo desempenho bolsista e tinha feito deste um argumento favorito para seduzir meios empresariais durante o mais recente Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça.
Na segunda-feira, a Casa Branca assegurou, em comunicado enviado à estação televisiva CNBC, que “ficava sempre inquieta quando o mercado perde valor”.
Mas um porta-voz, avançando “a flutuação dos mercados no curso prazo”, lembrou mais tarde que a economia dos EUA continuava “muito sólida” e “ia no bom sentido”.
Pânico em Wall Street leva índices a afundar com fortes perdas
O Dow Jones Industrial Average entrou em queda súbita na segunda parte da sessão desta segunda-feira e, em menos de uma hora, superou os patamares dos 500, mil e 1.500 pontos perdidos. No seu nível mínimo, chegou a estar a cair mais de 10%, em relação ao nível recorde que estabeleceu em 26 de janeiro.
Transmitida em direto pelos ecrãs das televisões, esta descida captava em Nova Iorque a atenção dos transeuntes, constatou um jornalista da AFP.
Depois de uma pequena recuperação no final da sessão, o Dow Jones acabou a perder 4,61%. O índice tecnológico Nasdaq, por seu lado, perdeu 3,78%, e o alargado S&P500, que representa as maiores 500 empresas cotadas nos EUA, cedeu 4,11%.
Esta correção ocorreu no dia em que Jerome Powell chegou à cabeça do banco central norte-americano, em substituição de Janet Yellen.
Mas há muito que os observadores esperavam esta correção, em particular depois de os índices somarem recordes atrás de recordes nos últimos meses.
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