Os húngaros começaram hoje a votar para as eleições legislativas, em que o primeiro-ministro cessante, Viktor Orban, ícone das direitas populistas europeias, é dado como favorito para cumprir um terceiro mandato e consolidar um poder assumidamente autoritário.

Entre 2010 e 2014, com uma maioria de dois terços no Parlamento, Orban iniciou um processo de transformação do país para o que chamou uma “democracia iliberal”, que propõe a limitação de determinadas liberdades em nome do interesse nacional.

Durante esse mandato, o seu partido, o Fidesz (Aliança Cívica Húngara), redigiu uma nova Constituição e muitas novas leis, como a polémica “lei da imprensa”, que restringiu a ação dos ‘media’ e foi muito criticada interna e externamente.

Ao perder a maioria de dois terços em fevereiro de 2015, Orban e o Fidesz centraram o discurso e a política nos perigos que a imigração em geral e os refugiados representam para o país, que nesse ano foi atravessado por cerca de 400.000 refugiados provenientes da Grécia.

“O futuro do país está em jogo. Não nos limitamos a eleger os partidos, o governo e o primeiro-ministro, escolhemos também o futuro do país”, declarou o dirigente depois de votar ao início da manhã de hoje no 22.º distrito de Budapeste.

A principal incógnita é a taxa de participação e a amplitude da vitória prometida: Orban conquistou em 2010 e 2014 uma “super maioria” no parlamento, mas pode desta vez ficar-se por uma maioria relativa.

“A lógica é que o Fidesz ganhe, mas há potencialmente uma surpresa no ar”, disse à AFP o politólogo Gabor Torok.

“Espero bem que o governo de Orban possa prosseguir o seu trabalho, afirmou à agência francesa uma reformada, Zsuzsanna Draxler, após votar em Budapeste

“Votei de alma e consciência, esperando que tenhamos algo melhor”, indicou outro eleitor, que preferiu manter o anonimato.

Nestas legislativas, as sondagens atribuem ao Fidesz cerca de 35% dos votos, à frente do Jobbik (20%), um partido xenófobo e populista, do Partido Socialista (17%) e de vários partidos mais pequenos de esquerda ou ambientalistas.

Mas a repartição dos 199 assentos parlamentares é difícil de prever dado o complexo sistema eleitoral húngaro, que se baseia em listas de candidatos distritais e em listas partidárias.

As mesas de voto vão estar abertas entre as 06:00 locais (05:00 em Lisboa) e as 19:00 (18:00 em Lisboa). Os primeiros resultados devem ser divulgados no final da noite.

(Notícia atualizada às 09h56)