“Estamos na nossa terra. Não queremos a dos outros. Mas a nossa não a entregaremos a ninguém”, disse o Presidente azeri numa intervenção através da Internet no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Segundo Aliev, os disparos a partir de Nagorno-Karabakh provocaram a morte de “vários” cidadãos azeris, cujo número, porém, não avançou.

Por seu lado, as autoridades arménias adiantaram hoje que pelo menos 10 militares de Nagorno-Karabakh morreram na sequência dos ataques das tropas azeris e que pelo menos dois dos falecidos — uma mulher e uma criança — são civis.

Hoje, mas já num discurso perante a cúpula militar azeri, Aliev insistiu que o conflito no enclave separatista “não pode ter meias soluções”.

“Nunca permitiremos a criação do assim chamado ‘segundo Estado arménio’ em território do Azerbaijão. E os êxitos [na esfera militar] são prova disso”, referiu, lembrando que Nagorno-Karabakh é uma “questão histórica” para o país.

“Já o disse muitas vezes e hoje repito-o: devemos fazê-lo de tal maneira para que o povo azeri fique satisfeito. Temos de restabelecer a justiça histórica e temos de o fazer para restaurar a integridade territorial do Azerbaijão”, frisou.

Território do Império Russo disputado pela Arménia e Azerbaijão durante a guerra civil após a revolução bolchevique de 1917, Nagorno-Karabakh, habitado maioritariamente por arménios, foi anexada em 1921 por Josef Estaline à República Socialista Soviética do Azerbaijão, tendo obtido, a partir de 1923, um estatuto autónomo.

Em fevereiro de 1988, ainda sob o controlo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), é desencadeada uma violência interétnica entre o Azerbaijão, maioritariamente muçulmano, e a Arménia, de maioria cristã.

A 10 de dezembro de 1991, Nagorno-Karabakh proclama unilateralmente a independência de Baku, com o apoio de Erevan, tendo como pano de fundo a desagregação da então URSS.

Após o fim da URSS, o Exército soviético abandonou a região, deixando as armas para trás, o que conduziu a uma escalada do conflito, marcado por duas grandes ofensivas das forças arménias em 1992 e 1993.

A 17 de maio de 1994, entra em vigor um acordo de cessar-fogo negociado por Moscovo.

Na altura, a Arménia controlava cerca de um quinto do território do Azerbaijão, bem como Nagorno-Karabakh.

A guerra provocou perto de 30.000 mortes, tendo milhões de pessoas fugido aos combates.

A União Europeia (UE), o Conselho Europeu, a Rússia, a França e a Alemanha já lamentaram os confrontos e pediram a cessação imediata das hostilidades, bem como o regresso à mesa de negociações.

Por seu lado, a Turquia já manifestou “apoio total” ao Azerbaijão na disputa contra a Arménia, disponibilizando quaisquer equipamentos militares que Baku venha a solicitar.