A Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina intensiva, nomeada pelo Governo, fez um diagnóstico da situação pré-covid e a atual e, na sequência do mesmo, elaborou uma proposta para o futuro da Rede Nacional de Medicina Intensiva —  área da medicina que se dedica à prevenção, diagnóstico e tratamento de situações de doença aguda potencialmente reversíveis, em doentes que apresentem falência de uma ou mais funções vitais.

No documento citado pela TSF, a Comissão conclui que os serviços atuais “estão gravemente sub-dotados em termos de recursos humanos”, algo que apenas se tem compensado com um “elevado recurso a horas extraordinárias, custos acrescidos e risco de exaustão e burnout”. Para além destas características, é destacado ainda que os médicos intensivistas “são escassos e envelhecidos".

Dada a falta de oferta de profissionais de saúde, a Comissão explica que se procedeu e “inativação de camas” em “múltiplos serviços da rede”, o que conduziu a uma sub-rentabilização da infraestrutura”.

Nos meses iniciais da pandemia, a resposta foi possível com a "utilização de médicos, assistentes operacionais e, sobretudo, enfermeiros de outras áreas hospitalares". No entanto, com os médicos a retomar os "restantes processos assistenciais" e a regressarem para as suas "atividades normais", a Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva diz ser "imperioso" reforçar os recursos humanos da medicina intensiva a nível nacional.

Como proposta para encontrar uma solução, a Comissão, segundo escreve a TSF, indica que cada Administração Regional de Saúde deve contratar 90 médicos, cerca de 600 enfermeiros e quase 200 assistentes operacionais.

Para além da questão da falta de recursos humanos, a Comissão denuncia ainda que “há muitos casos de obsolescência de equipamentos e de estrutura física em muitos serviços” da especialidade.

No que diz respeito ao número atual de camas, este permanece, em quase todas as zonas do país, igual ao de 2016, data de quando foi elaborada e aprovada uma proposta que visava aumentar o número de camas na Rede de Referenciação de Medicina Intensiva. Na região Norte, por exemplo, a Comissão indica que existiam no final de 2019, “229 camas críticas ativas nos Serviços de Medicina Intensiva, o que significa que não tinha existido qualquer desenvolvimento no sentido do objetivo estabelecido” em 2016. Na verdade, até se observava “um menor número de camas” do que nesse ano, “por carência de recursos humanos, nomeadamente de enfermeiros”.

Dadas estas circunstâncias a proposta elaborada pela comissão propõe também que se proceda a um aumento do número de camas de medicina intensiva no país, devendo passar de 626 para 919 ( mais 46%), até 2021.