“Lamento informá-lo que não há qualquer relação entre teletrabalho e uma eventual redução ou dificuldades de atendimento presencial nos serviços públicos”, afirmou a ministra Alexandra Leitão, dirigindo-se ao deputado José Cancela Moura, do PSD, numa audição no parlamento no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do EStado para 2021 (OE2021).

Antes, o deputado social-democrata considerou que a posição defendida pelo Governo de que o teletrabalho permite maior flexibilização, menos absentismo e conciliação entre a vida profissional e familiar “é uma narrativa que anda entre a música celestial e as canções de embalar”.

“Na verdade, os profissionais que recorrem aos serviços públicos apontam o teletrabalho como a mãe de todos os vícios da atual inoperância da administração pública”, defendeu José Cancela Moura.

A ministra considerou que “é sempre um discurso eleitoral dizer mal dos trabalhadores da administração pública”, indicando que o teletrabalho não se aplica aos funcionários que tenham de prestar serviços presenciais aos balcões, tal como não se aplica a médicos, enfermeiros e aos agentes de segurança.

Segundo Alexandra Leitão, as dificuldades sentidas no atendimento “têm mais eco do que é a realidade”, mas têm a ver com as limitações do espaço, com menos balcões a funcionar devido ao distanciamento que é necessario assegurar devido à pandemia de covid-19.

Em setembro, antes da segunda vaga da pandemia, havia 29 mil trabalhadores em teletrabalho, lembrou a ministra.

Por outro lado, em resposta à deputada socialista Eurídice Pereira, a governante considerou que existe uma situação nos serviços públicos “que é uma espécie de tempestade perfeita”.

ESta situação existe devido à redução do número de balcões por causa do distanciamento e de outras situações como trabalhadores de baixa ou em isolamento profilático numa altura em que há uma maior procura dos serviços públicos.

“Num dos meses, tivemos três milhões de telefonemas num mês”, exemplificou a ministra, acrescentando que em 2021 vai haver um reforço dos centros de contacto para aumentar o número de linhas e de recursos humanos.